Filhos que batem nos pais já velhos

Com a crise, estão a aumentar os casos de violência na qual os idosos são as vítimas.

Os casos de violência sobre idosos que chegam ao conhecimento da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) não param de aumentar. As denúncias passaram de 290, em 2000, para 740, em 2012, tendo os processos de apoio crescido 179% neste período.

A crise económica está a potenciar o aparecimento de mais casos, diz Maria de Oliveira, que trabalha nesta área na APAV. “Há cada vez mais pessoas desempregadas que vivem em casa dos pais. Isto cria tensões familiares, conflitos que podem gerar situações de violência”, afirma, notando que as denúncias que chegam à associação são apenas “a ponta do icebergue”. Cuidar de uma pessoa dependente pode originar um grande desgaste – que tem aliás um nome, o stress do cuidador – que por vezes também origina violência, acrescenta.

Muitos idosos preferem, mesmo assim, esconder as agressões. “O grande obstáculo é que muitos têm vergonha de denunciar os familiares. Denunciar um filho é complicado. Há sentimentos de culpa. Eles sentem que falharam enquanto pais ou mães”, diz Maria de Oliveira.

Há cerca de duas semanas, o Ministério Público anunciou igualmente um aumento da participação de situações de violência contra idosos.

Entre Março de 2010 e Outubro de 2013, deram entrada no DIAP (Departamento de Investigação e Acção Penal) 144 inquéritos de crimes contra idosos, 25 dos quais resultaram em acusação. A procuradora Maria Fernanda Alves, que coordena a secção do DIAP responsável por estes casos, explicou a dificuldade de investigar e conseguir condenações neste tipo de casos. "Ainda há idosos que não se queixam e outras entidades que não fazem atempadamente as participações. Há ainda uma situação encoberta".
 
 

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