Farmácias sem acesso a 2,3 milhões de embalagens de remédios no início deste mês

Associação Nacional de Farmácias atribui falhas no abastecimento a dificuldades económicas e de distribuição.

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Algumas das embalagens indisponíveis são dos genéricos mais baratos no mercado Sara Matos

As farmácias queixam-se de não terem conseguido adquirir mais de dois milhões de embalagens de medicamentos na primeira quinzena deste mês, quase 300 mil das quais dos genéricos mais baratos, o que atribuem a dificuldades económicas e de distribuição.

“Os doentes, as farmácias, os farmacêuticos e os médicos têm contribuído, em trabalho estreito e conjunto, para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde [SNS] e para a garantia do acesso da população aos medicamentos, apesar das dificuldades das farmácias que, quer por razões associadas à sua situação económica, quer por dificuldades no circuito de distribuição de medicamentos, não conseguem ter disponíveis muitos medicamentos”, refere a Associação Nacional de Farmácias (ANF) em comunicado.

Só na primeira quinzena de Setembro, as farmácias dizem não ter conseguido adquirir 2,3 milhões de embalagens de medicamentos, relativos a 8970 apresentações de medicamentos.

Os dados da ANF indicam que, dentro do mercado dos genéricos, não foi possível adquirir mais de 480 mil embalagens de medicamentos, relativamente a 4822 apresentações, sendo que 60% dos medicamentos em causa têm um dos cinco preços mais baixos.

Na semana passada, a Ordem dos Médicos (OM) denunciou, através de anúncio pago na imprensa, o que diz ser “mais um caso “de substituição de prescrições de medicamentos nas farmácias, indicando que uma receita bloqueada pelo médico foi alterada na farmácia para marcas mais caras.

A Ordem dos Farmacêuticos garantiu que um “caso pontual” de troca de medicamentos nas farmácias não espelha a realidade nacional e pondera agir judicialmente contra a Ordem dos Médicos por difamação.

Os farmacêuticos têm acusado o bastonário da Ordem dos Médicos de estar, desde sempre, contra a aprovação da legislação que obriga a prescrição por Denominação Comum Internacional (DCI).

De acordo com os dados divulgados hoje pela ANF, o Estado poupou 553 milhões desde a entrada em vigor da prescrição por substância activa em Junho do ano passado.

Só este ano, a opção por um genérico em vez de um fármaco de marca já permitiu uma poupança de 303,2 milhões de euros, refere a associação em comunicado.

“No entanto, o crescimento do mercado de genéricos tem ainda um enorme potencial. Desde Junho de 2012, o Estado e os doentes poderiam ter poupado mais 180,1 milhões de euros e só desde Janeiro de 2013 poderiam ter poupado mais 100,4 milhões de euros”, refere a nota.

Em Junho de 2012 passou a vigorar a obrigatoriedade de prescrição e dispensa de medicamentos por DCI, uma medida que visou impulsionar a compra e venda de genéricos.

Antes desta legislação, a quota de mercado dos medicamentos genéricos dispensados no âmbito do Serviço Nacional de Saúde era de 34,3%, segundo dados de Maio de 2012, estando nos 39,8% em Agosto deste ano.

Quanto ao preço médio dos genéricos, refere a ANF, era de 8,11 euros quando agora está nos 7,23 euros.

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