Famílias gastam mais com regresso à escola

Livros, vestuário e calçado entre as principais despesas. Apesar do aumento de gastos há mais pessoas a ver com bons olhos o uso de manuais em segunda mão.

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Já se começa a notar um aumento de pessoas que vêem com bons olhos os livros em segunda mão NFACTOS/FERNANDO VELUDO

As famílias portuguesas vão gastar mais dinheiro este ano com o regresso às aulas, segundo um inquérito que aponta para uma despesa média de 528 euros entre livros e outros materiais para o dia a dia da escola. São mais 19 euros do que no ano passado, segundo o Estudo sobre as Intenções de Compra dos Portugueses no Regresso às Aulas 2015, que realizou entrevistas telefónicas em todo o país.

A menos de um mês do início de mais um ano lectivo, as famílias voltam a calcorrear livrarias e superfícies comerciais à procura das melhores campanhas e descontos de material escolar. Apesar das promoções, a factura vai voltar a subir e quanto mais velhos são os alunos mais caros ficam os livros: no 1.º ciclo os manuais obrigatórios, sem cadernos de actividades, rondam, segundo o estudo, os 25 euros, mas no secundário ultrapassam facilmente aos 200 euros.

Além dos manuais, as compras vão recair essencialmente em vestuário e calçado (85%), despesas de educação (78%) e artigos de desporto (73%), segundo o estudo em que foram feitas 600 entrevistas mas consideradas as respostas de apenas 238 pessoas, porque eram quem tinha filhos em idade escolar ou em que o próprio estava a estudar.

A forma que muitas famílias (51%) encontram para conseguir fazer face às despesas é repartindo as compras, comprando os manuais escolares num momento diferente do restante material.

Apesar da elevada factura, a maioria dos inquiridos (94%) quer que os filhos tenham manuais novos mas já se começa a notar um aumento de pessoas que vêem com bons olhos os livros em segunda mão: em relação ao ano passado, regista-se um aumento de 33% de pessoas que optam por manuais usados, alguns pedem emprestado a familiares ou amigos enquanto outros recorrem a “lojas” de segunda mão, mostra ainda o estudo realizado pelo Observador Cetelem.

Queixa ao provedor em Setembro
Na Internet, existem sites de vendas e de trocas gratuita, mas também espaços físicos onde as famílias podem ir, tal como os apoiados pelo “Movimento pela Reutilização dos Livros Escolares”.

Este movimento divulga na sua página online — www.reutilizar.org — os cerca de 200 bancos de recolha e partilha gratuita de livros escolares em todo o país que já permitiram a milhares de famílias poupar na compra de material.

À Lusa, o fundador do movimento, Henrique Cunha, lamentou as constantes mudanças de metas curriculares e de manuais por parte das escolas que dificultam a sua reutilização, contrariando a legislação em vigor que estabelece um prazo de seis anos de vida para os livros.

O Movimento decidiu, por isso, lançar no início do Verão uma campanha de recolha de reclamações e denúncias de casos em que os pais consideram que houve ou está a haver algum tipo de “obstáculos à reutilização dos manuais” que vão fazer chegar ao provedor da Justiça a 15 de Setembro.

Outra das questões feitas aos inquiridos no estudo durante o mês de Maio foi se pretendiam dar semanada aos filhos e quais os valores: em média, as famílias dão 20 euros para os filhos gastarem no período de aulas (mais três do que no ano passado), mas 31% dos inquiridos disse que o valor máximo da semanada seria de 10 euros.

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