Falta fazer a regionalização da Saúde, diz Jorge Sampaio
O antigo Presidente da República Jorge Sampaio defendeu nesta segunda-feira que está por fazer “o percurso da regionalização da Saúde” e avisou que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) devia de ouvir mais os seus utilizadores.
No dia em que se assinalam 35 anos da publicação da lei que criou o SNS Jorge Sampaio foi um dos oradores na cerimónia de encerramento das comemorações da efeméride, com elogios ao sistema mas também com avisos que é preciso enfrentar o futuro, com uma população mais envelhecida e com o aumento da prevalência de doenças crónicas.
Jorge Sampaio lamentou ainda que o acesso dos cidadãos ao SNS seja “penalizado por listas de espera excessivas”, como excessivas para muitos cidadãos são as taxas moderadoras, e disse depois que o SNS devia de ouvir mais os utilizadores, nomeadamente em questões como os horários de funcionamento, as facilidades de acesso, a celeridade ou a cordialidade.
E além de estar mais próximo dos cidadãos utilizando as novas tecnologias de comunicação devia de haver também um “maior compromisso” entre o poder central e local na Saúde.
Com todos os intervenientes na sessão a elogiar o SNS, um dos seus principais criadores, o antigo ministro António Arnaut, foi também o mais aplaudido (de pé) quando discursou após ter sido homenageado com a medalha do Ministério da Saúde.
Aos presentes disse que o problema do SNS sempre foi de “sustentabilidade política”, acrescentando que Portugal é dos países europeus que menos gasta em Saúde e que destruir o SNS seria “uma afronta à constituição”. E aos jornalistas elogiou ainda o actual ministro da tutela, “um dos poucos com sensibilidade social”.
E depois da apresentação de uma emissão de selos e de uma moeda sobre os 35 anos do SNS, e de mais condecorações e discursos, coube precisamente a Paulo Macedo encerrar a cerimónia, primeiro elogiando o SNS mas depois alertando para os desafios e mudanças que o futuro vai trazer.
O SNS é um “recurso reconhecido como dos mais relevantes após o 25 de Abril”, afirmou Paulo Macedo, acrescentando que se hoje a ambição do Governo é garantir o acesso universal à Saúde ainda “há desequilíbrios” e desafios.
Uma coisa é certa, disse, “o país está mais próximo, o acesso está mais agilizado”. E quanto ao futuro há que ser realista, “os próximos anos são essenciais para o SNS, se não existir sustentabilidade não existirá SNS”.
É por isso, defendeu o ministro, que é preciso “um acordo explícito que garanta um SNS para as próximas gerações”.
Num dia em que a cerimónia de comemoração (no polo de Campolide da Universidade Nova) abriu com o primeiro-ministro, e em que se falou que os funcionários públicos vão deixar de ter benefícios acrescidos na Saúde, Paulo Macedo disse à Lusa que sobre essa matéria “não há nada”.