Faculdade de Desporto critica FAP por não ter encerrado "queimódromo"

Director acusa federação de estar “indiferente” ao assassinato de estudante. FAP admite ter ponderado a hipótese, mas não dá mais explicações.

A Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP), na qual estudava Marlon Correia, de 24 anos, mortalmente baleado por assaltantes na madrugada de sábado, defende que o “queimódromo” deveria ser encerrado como demonstração de luto.

“A FAP [Federação Académica do Porto] podia e deveria ter feito outra escolha, pelo menos no concernente ao ´queimódromo’. Este deveria ter encerrado, nem que fosse uma noite, o que seria simbolicamente eloquente. Mas não, a festa (!?) e o negócio prosseguiram indiferentes ao facto de nele ter sido ceifada a vida de um jovem carregado de sonhos. A Associação de Estudantes da FADEUP devia ter ido mais longe; devia ter apelado aos estudantes para que renunciassem a tudo quanto fosse festejo e folguedo”, diz o director da faculdade, Jorge Olímpio Bento, num comunicado enviado neste domingo.

O director lamenta ainda que a FAP não tenha tido a “coragem para contrariar a diversão, o efémero e a mundanidade”. “Esta chocante opção reflecte o mal profundo que afecta o país”, considera o professor, que esperava que a instituição “estivesse à altura desta hora” adoptando “uma postura de grandeza”. Jorge Olímpio Bento acusa ainda a FAP de reagir “de uma maneira que tende a banalizar o brutal, o trágico e o horror” ao continuar a Queima das Fitas apesar do homicídio.

O presidente da FAP, Rúben Alves, admitiu ao PÚBLICO que a hipótese de encerrar o “queimódromo” e as festividades “foi ponderada”, sem adiantar argumentos que tenham levada a manter as actividades. “Nesta altura de dor por causa da morte do nosso colega, não queremos entrar nessas discussões. Respeitamos e admitimos que diferentes pessoas tenham diferentes ideias sobre esta decisão e sobre a forma de prestar homenagem”, disse, não querendo “comentar mais” estas acusações uma vez que a “devida resposta” requer uma “atitude de toda a federação”.

Também o reitor da Universidade do Porto (UP), Marques dos Santos, que neste sábado sublinhou que a morte de Marlon foi “um acto de violência injustificável”, não quis reagir à exigência do encerramento do “queimódromo”. Marques dos Santos, que está na Noruega a participar em conferências, falou ao PÚBLICO através da assessoria de imprensa da universidade.

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