Exposição fotográfica e conferência sobre “Filhos do Vento” no São Jorge

Conferência irá debater a questão sobre se os filhos que os ex-combatentes deixaram para trás durante a guerra colonial têm direito a conhecer as suas origens. Festival prolonga-se durante uma semana.

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Inês Miriam Henrique é filha de um ex-combatente português de quem conhece apenas o apelido. Manuel Roberto

Dois anos depois de uma equipa do PÚBLICO ter contado as histórias de filhos de ex-combatentes portugueses da guerra colonial com mulheres guineenses que foram deixados para trás, é inaugurada esta sexta-feira uma exposição fotográfica sobre o tema, que será seguida de um debate em que será discutido o direito destes filhos ao conhecimento das suas origens genéticas e à reserva da vida privada dos ex-combatentes. Os dois eventos inauguram o festival Rotas&Rituais 2015, que se prolonga por uma semana, e irá debater o colonialismo e descolonização, no Cinema São Jorge, em Lisboa.

O festival Rotas&Rituais 2015, que se realiza pela oitava vez e que este ano tem como mote os 40 anos das independências das ex-colónias, inaugura-se hoje às 18h00 com a exposição do fotojornalista do PÚBLICO Manuel Roberto, que poderá ser vista no foyer do São Jorge até 29 de Maio. A apresentação do evento caberá ao director adjunto do jornal, Nuno Pacheco.

Ao longo de 29 imagens são mostrados os rostos de algumas das histórias que o PÚBLICO encontrou na Guiné-Bissau, numa reportagem realizada em 2013, que recebeu o premio Gazeta Multimédia 2014, atribuído pelo Clube de Jornalistas. A exposição chama-se Filhos do Vento como o título da reportagem, da autoria de Catarina Gomes, com imagens-video de Ricardo Rezende e webdesign de Andrea Espadinha e Dinis Correia.

Manuel Roberto começou a carreira como fotojornalista no semanário moçambicano Domingo, está no PÚBLICO desde 1994, participou em várias exposições colectivas, esta é a sua primeira exposição individual.

Algumas destas imagens expostas foram já recolhidas por Manuel Roberto em Angola durante este ano, numa outra reportagem multimédia do PÚBLICO que será divulgada a 18 de Junho e que dará conta, desta vez, da viagem de um ex-combatente português, hoje com 63 anos, que sempre soube que tinha deixado um filho para trás mas que nunca conheceu.

A seguir à inauguração da exposição, o festival continuará com uma conferência sobre o tema, às 19h30, onde participarão a socióloga do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Margarida Calafate Ribeiro, com uma conferência intitulada Os netos que Salazar não teve, o sociólogo e ex-combatente Luís Graça, mentor de um blogue onde a questão começou a ser debatida, falará “da guerra que se conta aos filhos”, Rafael Vale e Reis, especialista em direito biomédico da Universidade de Coimbra, irá levantar a questão: "terão os “filhos do vento” direito ao conhecimento das suas origens genéticas?", a jornalista do PÚBLICO Catarina Gomes fará a ponte entre “os filhos de lá e de cá”. A entrada para a exposição e conferência são gratuitas.

O programa completo do festival pode ser consultado em http://www.rotaserituais.com. O  evento inclui conferencias, documentários, música. Termina a 29 de Maio com um concerto do lendário grupo cabo-verdiano Os Tubarões, cujo tema, escrito há quase 40 anos, Labanta Braço, Grita Bo Liberdade (Levanta o braço, grita a tua liberdade) é o mote do festival.

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