Ex-comandante da GNR acusado de ficar com dinheiro das multas

Sargento-ajudante realça que já depois de terem surgido suspeitas recebeu louvor público elogiando a sua honestidade

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BT foi extinta em 2009 e foram passadas menos 118 mil multas CARLOS LOPES

O Ministério Público de Santa Maria da Feira deduziu acusação contra o ex-comandante do posto da GNR de Lourosa pela prática de 104 crimes de peculato por, alegadamente, se ter apropriado de dinheiro das multas de trânsito.

Segundo o despacho de acusação, os factos ocorreram em 2012 e 2013. O inquérito teve origem numa participação efectuada pela própria GNR, após uma denúncia sobre irregularidades no processamento de determinadas quantias monetárias da actividade do posto. De acordo com a investigação, o arguido - um sargento-ajudante que entretanto foi transferido para o destacamento de Faro - ter-se-á apropriado indevidamente de 12.849 euros, tendo, entretanto, devolvido ao Estado 3164 euros.
A maior parte deste montante dizia respeito a coimas de 98 autos de contra-ordenação pagas pelos condutores no momento em que eram autuados, não tendo o dinheiro sido depositado na conta da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária. Além disso, o ex-comandante ter-se-á apropriado de 2400 euros, correspondentes a dois mandados de detenção, não tendo comunicado esse pagamento nem dado baixa dos referidos mandados.
Ainda segundo o Ministério Público, o arguido depositou na sua conta um cheque no valor de 1214 euros para pagar um serviço de policiamento externo no Festival da Alheira, que decorreu no estádio do Lourosa, e apropriou-se de 190 euros provenientes do bloqueamento e reboque de veículos.
Durante o interrogatório na Polícia Judiciária, o ex-comandante negou ter-se apropriado de qualquer valor, argumentando que se fosse essa a intenção não teria sido efectuado qualquer registo nos livros próprios. Adiantou ainda que, nalguns dos casos, "o dinheiro foi entregue e ficou tudo resolvido", realçando que, quando foi transferido para Faro, recebeu um louvor público onde eram elogiadas as suas características de organização e de honestidade.
Segundo informações do comando-geral da GNR, o militar encontra-se actualmente no activo, embora esteja a decorrer um processo disciplinar.
 

 

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