Exame de Matemática foi “extenso” e “não respeitou o programa”

Associação de Professores de Matemática considera que prova da segunda fase de Matemática do 12.º ano “prejudica mais uma vez os alunos”, mas a Sociedade Portuguesa de Matemática diz que o exame é “adequado”

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Resultados dos exames serão divulgados no dia 4 de Agosto Daniel Rocha

O exame de Matemática do 12.º ano foi “demasiado extenso” e “não respeitou o programa” curricular, segundo a Associação de Professores de Matemática (APM), cujo vice-presidente Jaime Carvalho considera que os alunos medianos, com médias do secundário entre os 10 e os 12 valores “não têm hipótese nenhuma no exame”.

 A Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), pelo contrário, considera que o exame está em conformidade com o programa dos 11º e 12º anos e que “atendendo a que algumas questões são de tipo análogo a outras já presentes em exames de anos anteriores ou em testes intermédios”, o exame de ontem “permite que o aluno médio, que se tenha preparado devidamente, possa obter uma classificação que reflita adequadamente o seu nível de conhecimentos e preparação”.

Repete-se assim a discrepância de opiniões evidenciada já no exame da 1ª fase, realizado no dia 26 de Junho, e cujos resultados constituíram a principal excepção na melhoria geral de notas nas várias disciplinas. A média fixou-se nos 7,8 valores contra os 8,2 valores do ano anterior. 

Com 29.490 alunos inscritos (embora apenas 27.722 tenham comparecido), o exame terá os seus resultados divulgados no dia 4 de Agosto. O vice-presidente da APM não prognostica nada de bom. “Este exame voltou a ser mais difícil do que os que foram sendo dados ao longo do ano lectivo e o seu grau de exigência não está adequado”, considera, para lembrar que, no exame da primeira fase, já se tinha verificado uma discrepância de três valores entre os resultados dos exames e a classificação final interna das escolas. “Uma prova não se pode fazer só para alunos dotados e esta variação de três valores significa que um aluno de 12 valores tira 9 no exame, o que o impede, na prática, de se candidatar aos cursos em que a Matemática seja a disciplina específica, como as Ciências, Engenharia e Economia”, sustenta Jaime Carvalho.

Depois de ter reunido um grupo de professores que resolveu e analisou a prova, a APM concluiu que, além de extensa, a prova “insiste exageradamente no cálculo”. Acresce que “não respeita o programa porque, mais uma vez, não incluiu nenhuma questão de aplicações da Matemática, tal como acontecera na primeira fase, e isto é anacrónico porque no teste intermédio que os alunos tiveram de fazer em Abril havia uma questão dessas”. Por último, Jaime Carvalho e Silva sustenta que a questão 1.2 “é relativa à resolução de uma equação com números complexos que não faz parte do programa”.

Considerando que “os alunos estão mais uma vez a ser prejudicados”, o vice-presidente da APM critica ainda o facto de a prova começar “por uma questão das mais difíceis", o que terá feito com que muitos alunos tenham perdido "demasiado tempo logo na primeira questão”.

A média de 7,8 valores registada nos exames da 1ª fase foi a mais baixa dos últimos oito anos. Em 2007 a Matemática A obteve 9,4 valores, tendo subido para os 12,5 no ano seguinte.

 

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