Estudante de 14 anos entra com arma carregada em sala de aula

Incidente ocorrido esta terça-feira em colégio do concelho de Coimbra termina sem feridos. Rapaz está a ser observado em Serviço de Pedopsiquiatria, onde já era acompanhado.

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Hospital Pediátrico de Coimbra

Um estudante de 14 anos entrou esta terça-feira com uma arma carregada na sala onde a sua turma assistia a uma aula de Português, tendo ameaçado a professora e o director da escola com o revólver. O incidente ocorreu pouco antes das nove da manhã no Colégio da Imaculada Conceição, em Cernache, no concelho de Coimbra, e terminou sem vítimas, fruto da pronta intervenção da professora e do director do colégio.

Segundo o director do colégio, António Franco, o estudante chegou esta terça-feira à escola e esteve na casa de banho a pintar-se. “Parecia uma personagem de Halloween”, descreve o professor. Foi assim que o rapaz, que chegou atrasado à aula, entrou na sala empenhando uma pistola de plástico, que a professora lhe tirou. “Nessa altura ele disse que tinha outra e tirou um revólver, que soubemos mais tarde que era verdadeiro e estava carregado”, relata António Franco.

A professora conseguiu convencer o aluno a sair da sala e ir para o corredor, onde o director do colégio, entretanto alertado, os encontrou. “O aluno exigia falar com determinadas pessoas, colegas e professores, e dizia que não o deixavam. Entre as ameaças disse que teria uma bomba e que se matava”, relata António Franco. 

Na mão, o aluno tinha um pequeno aparelho que ameaçava usar para activar a bomba. Mas o director apercebeu-se que não passada de um afinador de guitarra, confrontando o aluno que atirou o aparelho pela janela. "Aproveitei o momento de distracção para lhe retirar o revólver”, conta o professor. António Franco acrescenta que o aluno, que frequenta o colégio jesuíta há cinco anos, apresentava um discurso sem nexo, citando várias passagens da BÍblia. E nota que o jovem apresenta uma inteligência acima da média e alguns problemas de comportamento.

O aluno, que repetia o 8º. ano, perdeu a mãe há perto de cinco anos e está a ter acompanhamento psicológico há mais de um ano, estando actualmente medicado para uma depressão, adiantou ao PÚBLICO o director do colégio.  O gabinete de comunicação do Hospital Pediátrico de Coimbra, para onde o rapaz foi levado, adianta que o adolescente “está a ser avaliado pelo Serviço de Pedopsiquiatria”, onde já era acompanhado.

A arma e as munições que o rapaz usou serão do pai e estariam guardadas num cofre da sua casa que o jovem terá conseguido abrir. O comandante do destacamento territorial de Coimbra, capitão Campos, confirma que o revólver está legalizado e estava carregado. O rapaz tinha ainda na sua posse umas dezenas munições. “Quando chegamos o problema estava praticamente resolvido”, afirma o capitão Campos. Como o rapaz tem menos de 16 anos, não é aberto um processo-crime, mas um processo tutelar educativo, que poderá resultar no internamento do menor num centro educativo. A GNR está a investigar o caso e já começou a ouvir professores e familiares. "O menor também terá que ser ouvido", explica o capitão Campos, que diz ainda ser "prematuro" avançar com alguma explicação para o sucedido. 

O colégio também vai abrir um inquérito de natureza disciplinar e reportar o caso à Direcção-Geral da Administração Escolar.

O Colégio da Imaculada Conceição é uma instituição privada com 852 alunos dispersos entre o 5º e o 12º ano do ensino regular e também do profissional. Possui, no entanto, um contrato de associação com o Ministério da Educação, oferecendo, por isso, um ensino gratuito.

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