Especialista contesta fecho de serviços no Hospital de Santa Cruz

Fecho da cirurgia cardiotorácica e cardiologia pediátrica do Hospital de Santa Cruz pode reduzir "abaixo do mínimo" resposta à população a Sul do país, avisa Luís Campos

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Há um ano, o Ministério da Saúde decidiu passar a comparticipar a sedação das colonoscopias e autorizou o pagamento de mais exames no sector privado PÚBLICO/Arquivo

O presidente do Conselho Nacional para a Qualidade em Saúde e membro da Comissão de Acompanhamento da Reforma Hospitalar, Luís Campos, avisa que o eventual encerramento dos serviços de cirurgia cardiotorácica e cardiologia pediátrica do Hospital de Santa Cruz (Lisboa) pode vir a reduzir “abaixo do mínimo” a resposta nestas valências a toda a população a Sul do país.

Sublinhando que considera positiva a publicação da polémica portaria que classifica os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) por patamares de diferenciação e complexidade, Luís Campos lamenta, porém, a colocação do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO) - que engloba o hospital de Santa Cruz - no grupo II e não no III (o mais diferenciado) nesta proposta de carta hospitalar. 

O CHLO fica classificado no grupo II, enquanto os centros hospitalares de Lisboa Norte e de Lisboa Central figuram no grupo restrito dos hospitais de nível III, os mais diferenciados e que têm todas as valências e especialidades. Os do grupo II ficam sem as valências de cirurgia cariotorácica, cardiologia pediátrica, cirurgia pediátrica, farmacologia clínica e genética médica.

“Correndo o risco de ser acusado de conflito de interesses [uma vez que trabalha no CHLO]”, Luís Campos lamenta que este centro não tenha sido colocado “ao lado dos grandes hospitais universitários com os quais está naturalmente emparelhado em termos de número de camas, diferenciação e recursos humanos”.

Esta mudança, considera, “vem prenunciar o encerramento a prazo” dos serviços de cirurgia cardiotorácica e cardiologia pediátrica do Hospital Santa Cruz,  que se têm “destacado ao longo de tantos anos pelo volume e qualidade da sua actividade e foram responsáveis pela introdução em Portugal de muitas técnicas inovadoras”.

“Acabar com estes serviços significa simplesmente que se pretende concentrar, a nível do SNS, a resposta nestas áreas de quase metade da população portuguesa em dois serviços que não têm seguramente capacidade para assumir esta missão, e muito menos quando for construído o Hospital de Todos os Santos, que vai implicar uma redução da capacidade do Centro Hospitalar de Lisboa Central”, explica Luís Campos. Uma mudança que, alerta, “ vai reduzir abaixo do mínimo a resposta nestas valências a toda a população do Sul do país, o que não pode vir a acontecer”.

 

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