Era “possível fazer melhor” no início do ano lectivo, diz Maria de Lurdes Rodrigues

Sucesso escolar dos alunos começa a construir-se no primeiro dia de aulas, sublinha a antiga ministra, num debate onde concordou com outro antigo governante, David Justino, quanto à necessidade de melhorar a formação e selecção de professores

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Maria de Lurdes Rodrigues ouvida no Parlamento a pedido do PSD Nuno Ferreira Santos/ Arquivo

A antiga ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, criticou a forma como decorreram os primeiros dias do novo ano lectivo nas escolas com problemas relacionados sobretudo com atrasos na colocação de professores. Era “possível fazer melhor”, defende a ex-governante socialista que, esta terça-feira, esteve em Braga, num debate sobre o futuro da Educação, juntamente com David Justino, que também ocupou a mesma pasta. Formação e selecção de professores e sucesso escolar foram preocupações comuns demonstradas por ambos os especialistas.

“É possível fazer melhor evidentemente”, afirmou Lurdes Rodrigues, quando questionada com o agitado inicio do novo ano escolar. “Deve-se fazer um esforço para que as escolas tenham todas as condições no início do ano lectivo e mesmo antes disso, quando começam a preparar o ano”, sublinhou a antiga ministra, reconhecendo, porém, que esta terá sido uma situação “conjuntural”. “O que é importante são os temas que aqui discutimos”, disse no final de um debate integrado nas comemorações dos 40 anos da Universidade do Minho.

Para a socióloga e investigadora, o “grande desafio” das escolas passa por garantir o sucesso escolar dos alunos, numa altura em que todos os estudantes até aos 18 anos estão na escola. “Não estamos ainda em condições de garantir que todos têm um percurso positivo”, reconhece, porém, salientando que esse percurso começa a construir-se desde cedo: “Os alunos não chumbam em Junho, começam a chumbar no primeiro dia de escola”.

No debate, foi sublinhada a necessidade de melhorar a formação e o processo de selecção dos professores para as escolas públicas. “É um sistema muito antigo e desactualizado”, que seleciona os docentes com base no tempo de serviço e na nota de fim de curso, dois factores que “não são nenhuma garantia em termos de hierarquia”, avalia Maria de Lurdes Rodrigues.

O outro convidado da mesma sessão era o também antigo titular da pasta da Educação, David Justino, que esteve de acordo com a sua sucessora no cargo. “Temos que ser exigentes com a formação e recrutamento dos professores”, defendeu. O actual presidente do Conselho Nacional de Educação destacou ainda que, os actuais problemas do sector como o encerramento de escolas e o envelhecimento da classe docente têm origem numa mesma circunstância: “A grande tensão é que o sistema entrou em fase de tendência recessiva em matéria de procura, mas continuou a tentar expandir a oferta”.

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