Epidemia de gripe pode ser mais agressiva este Inverno

Especialistas dizem que as pessoas que correm mais riscos, como as mais idosas, ainda vão a tempo de se vacinar.

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A vacinação continua a fazer todo o sentido, dizem os especialistas Paulo Pimenta

A epidemia de gripe sazonal poderá este Inverno ser mais complicada e até mais mortal do que é habitual, por uma série de factores, admitem os especialistas, que voltam a aconselhar a vacinação aos grupos de risco, como as pessoas mais idosas.

Um dos problemas neste Inverno prende-se com o facto de uma das estirpes do vírus da gripe em circulação, a A (H3N2), ser ligeiramente diferente da que está presente na vacina e, por isso, se poder revelar mais agressiva.

Este fim-de-semana, confrontada com notícias que dão conta deste problema, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) esclareceu numa nota que, “mesmo que se venha a verificar uma menor efectividade da componente A (H3N2) da vacina", esta protege contra os outros vírus da gripe que possam vir a circular este Inverno e, nesta altura, ainda não se sabe qual vai ser o vírus dominante no país. Acrescenta que com a imunização há outros benefícios "relevantes "a considerar, como a redução na duração da doença e na sua gravidade, nomeadamente "complicações, internamentos e morte".

Por isso, e como em Portugal a actividade epidémica ainda está no início e o pico da gripe sazonal "não deverá acontecer antes do final de Janeiro, as pessoas ainda vão a tempo de se vacinar", recomenda a subdirectora-geral da Saúde, Graça Freitas. Os centros de saúde têm cerca de 100 mil vacinas disponíveis, diz, lembrando que cerca de 40% de um dos principais grupos de risco – os idosos – não se vacinou, apesar de o poderem fazer gratuitamente. Outros grupos de risco são os doentes crónicos e os profissionais de saúde.

Protecção reduzida
O que aconteceu de diferente este ano, afinal? Em Fevereiro, os centros de vigilância gripal a nível mundial prevêem quais serão as estirpes de vírus de gripe em circulação no Inverno seguinte para as incluir na vacina. Normalmente são contempladas três estirpes diferentes, duas A (este ano o H1N1 e o H3N2)  e uma B. Só que nos países onde já há actividade epidémica, como nos EUA, percebeu-se entretanto que a estirpe do H3N2, além de ser a dominante, é diferente da que está presente na vacina, por ter sofrido já depois de Fevereiro uma pequena mutação. O que significa que, em vez de uma protecção da ordem dos 60% a 70%, confere uma protecção de cerca de 40% a 50%.

Apesar disto, sublinha o pneumologista e consultor da DGS Filipe Froes, a vacinação continua a fazer todo o sentido. "É preferível ter alguma protecção do que protecção nenhuma”, frisa o especialista, que nota que a gripe pode conduzir a descompensação de doenças crónicas e a complicações graves, como pneumonias.

Seja como for, se durante este Inverno a estirpe A (H3N2) for a dominante em Portugal, tudo indica que poderá ocorrer um pico de mortalidade, porque esta afecta sobretudo as pessoas mais idosas, a partir dos 75 anos. Foi o que aconteceu em 2011/2012, ano em que se verificou um excesso de mortalidade associado à gripe.

Dados de países do Norte da Europa onde já há actividade epidémica, como o Reino Unido e a Suécia, indicam que esta estirpe está a ser a predominante.  Em Portugal, porém, os últimos dados reportados ao Instituto de Saúde Ricado Jorge, e que dizem respeito à semana do Natal, apontam ainda para poucos casos e são sobretudo da estirpe B.

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