Enganar e seguir

Os portugueses sempre foram europeus. Fica bem aos europeus começarem a ser (ou terem sempre sido) portugueses.

Aqui há uns tempos – não muito remotos – disse uns disparates ignorantes sobre as sanções a Portugal da União Europeia que dois leitores (o nunorms e o Nuno Pessoa)  generosamente lamentaram e que o Rui Tavares desmentiu sem me nomear como um dos palermas que não compreenderam o que se estava a passar.

Não compreender o que se está a passar descreve a minha habilidade e esperteza perante o mundo que está sempre a espantar-me. Só me resta confessar, vergonhosamente, que não percebo.

Agora, segundo a luminosa São José Almeida, “quando tinham falado 19 dos 27 comissários e destes apenas quatro se tinham manifestado a favor da aplicação de uma multa a Portugal como sanção pela ultrapassagem da meta do défice em 2015, Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, interrompeu a reunião e dirigiu-se para uma outra sala”.

Para uma outra sala. Nem menos. A multa foi-nos perdoada? Perdoa-nos, biatch! Livra-te de não nos perdoares. E calma com essa condescendência, OK? A multa, fica sabendo, era, para nós, canja de galinha. Para a próxima não nos poupes nada, está bem? Quem, ao certo, te deu esse direito?

Esteve bem a União Europeia. Estamos bem dentro dela. A união tem de ser cada vez mais unida e europeia. Assim iremos no mesmo bom caminho. Perdoar é o mesmo que permitir. Perdoar é o mesmo que aceitar.

Os portugueses sempre foram europeus. Fica bem aos europeus começarem a ser (ou terem sempre sido) portugueses.

Fomos feitos uns para os outros. Ainda bem.

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