Enfermeiros da Linha Saúde 24 denunciam salários de quatro euros à hora

Trabalhadores admitem recorrer à greve contra decisão da empresa em cortar 20% nos vencimentos.

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O chamado call center da Saúde funciona 24 horas por dia através do número 808 24 24 24 Daniel Rocha

Trabalhadores da Linha Saúde 24 denunciaram neste sábado que passarão a ganhar quatro a cinco euros líquidos por hora, se for avante a intenção da empresa concessionária do serviço de lhes reduzir os salários em 20%, algo que dizem não estar dispostos a aceitar. E alertam que pode estar em risco a qualidade do atendimento público aos cidadãos, uma vez que a empresa concessionária — a LCS, Linha de Cuidados de Saúde — terá já dado início à “substituição maciça” dos actuais trabalhadores por outros “sem qualquer experiência na área da triagem telefónica de sintomas”.

Segundo a autodenominada "comissão informal de comunicadores Linha Saúde24", que representa alguns dos enfermeiros que trabalham nesta linha telefónica de aconselhamento e triagem de doentes do Serviço Nacional de Saúde — o chamado "call center da Saúde", a funcionar 24 horas por dia através do número 808 24 24 24 —, os trabalhadores “fizeram diversas tentativas de negociar com a empresa”, mas sem sucesso.

Esta, em contrapartida, “tem vindo a aumentar a coacção individual, ameaçando com o despedimento” quem não aceitar a redução “unilateral” dos vencimentos em 20%. Além deste valor, dizem, a administração pretende ainda avançar com um corte de 50% na remuneração das horas diurnas especiais e nocturnas.

“Não estando o seu vínculo laboral ainda legalmente reconhecido, e aproveitando-se de uma situação de falso trabalho independente (ou falsos recibos verdes), a LCS decidiu, adicionalmente, penalizar todos os enfermeiros que não puderam comparecer no seu local de trabalho por motivos de doença/familiares nos dias de Natal, com uma acentuada suspensão de turnos no mês de Janeiro”, denunciam em comunicado.

Em causa, segundo Tiago Pinheiro, da comissão informal de comunicadores da Linha Saúde 24, estão mais de 300 dos cerca de 400 enfermeiros que ali trabalham e que poderão ser forçados a abandonar a empresa, sendo substituídos por pessoas sem experiência.

"Não queremos ser castigados e forçados a ficar mediante valores que não respeitam minimamente o nosso trabalho e o nosso empenho", disse à agência Lusa.

A guerra entre os trabalhadores da Linha Saúde 24 e a nova administração da empresa começou no início do mês, precisamente com a decisão de baixar os salários. Os enfermeiros dizem que vão continuar a lutar e não descartam o recurso à greve, tendo já apelado à intervenção da Direcção-Geral da Saúde, Ministério da Saúde, Comissão Parlamentar da Saúde e grupos parlamentares. Um plenário dos trabalhadores está marcado para o próximo dia 2 de Janeiro.
 
 

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