Ex-deputado do CDS-Madeira vítima de homicídio macabro

Carlos Morgado estava desaparecido desde Março passado. Suspeitos do crime vão aguardar julgamento em prisão preventiva.

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O local de onde foi retirado o corpo do antigo deputado centrista DR

O corpo do ex-deputado do CDS na Assembleia Legislativa da Madeira, Carlos Morgado, que estava desaparecido desde Março deste ano, foi encontrado na madrugada desta sexta-feira enterrado num terreno baldio na zona de D. João, freguesia do Imaculado Coração de Maria, no Funchal.

O cadáver do ex-parlamentar, segundo o PÚBLICO apurou, foi esquartejado para facilitar o transporte para o local onde foi depois enterrado, nas traseiras de uma moradia desabitada, numa zona residencial.

A operação policial, conduzida pela Polícia Judiciária (PJ), resultou ainda na detenção de uma mulher de 25 anos e de um homem de 26, suspeitos de serem os autores do homicídio. Terão sido ambos a indicar às autoridades o local onde estava enterrado o corpo de Carlos Morgado.

Os dois suspeitos vão aguardar julgamento em prisão preventiva, segundo deperminou determinou neste sábado a juíza de turno da Comarca da Madeira.

A medida de coacção foi anunciada, em comunicado lido pelo presidente da Comarca da Madeira, o juiz Paulo Barreto, depois de os supostos autores do crime terem sido ouvidos durante toda a tarde deste sábado, num primeiro interrogatório judicial, pela juíza Joana Dias, no Palácio da Justiça, no Funchal.

Os detidos, de acordo com uma nota divulgada durante a tarde de sexta-feira pelo Departamento de Investigação Criminal do Funchal da PJ, são suspeitos da prática dos crimes de homicídio qualificado, roubo e profanação de cadáver.

“Apurou-se, graças a um minucioso trabalho de investigação, que os autores do crime conceberam um plano para atraírem a vítima com o intuito de a roubarem e de posteriormente lhe provocarem a morte”, lê-se no comunicado da Judiciária, que adianta que os suspeitos vão ser ouvidos por um juiz de instrução para determinar as medidas de coacção.

Moradores da zona disseram ao PÚBLICO que não se aperceberam de qualquer movimentação policial, mas a imprensa local está a citar uma fonte dos Bombeiros Municipais do Funchal, que dá conta de que o corpo de Carlos Morgado foi removido do local em dois sacos. O cadáver vai agora ser submetido a exames periciais para confirmar a identidade.

Desaparecido há oito meses
O ex-parlamentar centrista estava desaparecido desde o início de Março, após uma deslocação à capital madeirense. Discreto, professor aposentado com 66 anos, casado e com um filho, Carlos Morgado residia na Ribeira Brava, uma pequena vila a cerca de 30 quilómetros a Oeste do Funchal. O automóvel do ex-deputado foi encontrado junto de uma grande superfície comercial, na baixa da cidade.

Carlos Morgado teve uma curta, mas polémica, passagem pelo parlamento madeirense, substituindo entre Junho de 2011 e Outubro de 2012 o companheiro de bancada José Manuel Rodrigues, quando este decidiu ocupar o lugar que tinha como deputado na Assembleia da República.

Quando José Manuel Rodrigues, que era na altura líder do CDS-Madeira, decidiu regressar ao Funchal, Morgado recusou ser substituído, chegando mesmo a passar a independente. Acabou depois por sair do parlamento madeirense, depois dos deputados do PSD e do CDS terem votado a cessação do seu mandato, com as restantes bancadas a oporem-se.

Uma votação que esteve na origem do fim do Pacto pela Democracia, um documento assinado por todos os partidos da oposição, com o objectivo de contrariar a forma como o PSD-Madeira, liderado à época por Alberto João Jardim, conduzia os trabalhos parlamentares.

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