Encerramento de escolas é "absurdo e desfasado da realidade"

A deputada do Partido Ecologista "Os Verdes" Heloísa Apolónia defendeu este sábado que o encerramento de escolas é "absurdo e desfasado da realidade" e defendeu que o Governo se deve reunir com estruturas locais "para se encher de realismo".

"O encerramento de escolas que o Governo pretende levar a cabo é abrupto, absurdo e desfasado da realidade. Quando a política educativa se gere em função de números está tudo estragado e revela uma má-fé, na nossa perspectiva, que gostaríamos de denunciar", alegou. No final de uma reunião com a Federação Regional das Associações de Pais de Viseu (FRAPViseu) e com representantes de pais e encarregados de educação, que decorreu ao longo da manhã em Castro Daire, a deputada do PEV sublinhou a importância de não se desmobilizar até haver um recuo do Governo.

"Para nós é determinante que qualquer reordenamento da rede escolar não seja feita à margem de um entendimento com as estruturas locais, neste caso com as autarquias e naturalmente, com os representantes concretos de pais, professores e toda a comunidade escolar", sustentou. "Verificamos por parte deste ministério um autoritarismo atroz, um comando concreto sem ter em conta a realidade específica e as vontades das pessoas que estão no terreno. Era importante que o Ministério da Educação realizasse estas reuniões com regularidade, porque estas reuniões enchem-nos de realidade e realismo", apontou.

Para a deputada do PEV, o encerramento das escolas deve ser analisado caso a caso, tendo em conta as características da região e a opinião dos pais, que "devem ter o direito de dizer se querem uma criança numa escola com 13 ou 14 alunos ou se preferem que faça uma viagem de uma hora ou mais" Heloísa Apolónia mostrou-se também preocupada com o esvaziamento do interior do país, agravado pelo encerramento de serviços públicos.

"Já não se trata só da concentração populacional no litoral, que é uma coisa perfeitamente absurda, mas o esvaziamento do país para o exterior com os níveis de emigração que temos neste momento", acrescentou. Já o dirigente da FRAP Viseu, Rui Martins, lamentou que o distrito de Viseu fosse o "mais fustigado" pela decisão do Governo, que anunciou o encerramento de 57 escolas.

"Muitas destas escolas deviam manter-se abertas porque não houve diálogo prévio com os pais, para se acautelar se fazia sentido ou não encerrar. Nós somos a favor da escola inclusiva, não defendemos uma escola com seis alunos, mas neste momento não há nenhuma escola com estes números no país", frisou. Segundo a listagem divulgada pelo ministério, o distrito de Viseu é aquele onde vão encerrar mais escolas, um total de 57, nos concelhos de Cinfães (nove), S. Pedro do Sul (oito), Tondela (sete), Viseu e Moimenta da Beira (seis), Nelas e Oliveira de Frades (quatro), Vouzela (três), Sernancelhe, Tabuaço, Mangualde e Vila Nova de Paiva (duas) e Castro Daire e Sátão (uma).

O Ministério da Educação e Ciência anunciou no mês passado que vai fechar 311 escolas do 1.º ciclo do Ensino Básico e integrá-las em centros escolares ou outros estabelecimentos de ensino, no âmbito do processo de reorganização da rede escolar.

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