Dois gatos roxos que alertam para a importância do teste ao VIH

Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto convidou aluno a criar um grafito, alertando para a importância do teste ao VIH. A intervenção foi inaugurada esta quarta-feira.

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Marco Duarte

A rua das Taipas, no Porto, ganhou uma nova vida e tem mais cor. Ali ao lado do Centro Português de Fotografia, o edifício do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) conta agora com a presença de dois simpáticos gatos roxos que não passam despercebidos a quem por lá passa. Não, não são animais reais de uma raça rara, mas sim gatos ilustrados que nos alertam para a importância da realização do teste ao VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana). Trata-se de um grafito feito por André Ferreira, aluno finalista do curso de Artes Plástico, no ramo de Pintura, da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. O ISPUP quis assinalar a Semana Europeia do Teste VIH-Hepatites, que termina esta sexta-feira, de uma forma diferente e desafiou o aluno “a dar vida” a uma parede “vandalizada”, sensibilizando ao mesmo tempo para esta problemática.

“Queríamos que a intervenção tivesse impacto, que saísse fora do que é usual neste tipo de iniciativas. E quisemos dar também uma oportunidade a um artista de apresentar o seu trabalho”, explicou ao PÚBLICO Pedro Oliveira, professor e membro da direcção do ISPUP. “Queremos combater o estigma, porque as pessoas muitas vezes pensam que o vírus afecta o outro. E, representando o vírus do VIH, queremos que quem olhe para o objecto de arte reflicta e dialogue sobre esta questão”, acrescentou.

No grafito, um dos gatos aponta para uma carrinha, onde está escrito “Teste VIH”, convidando o outro a fazer o despiste. Como cenário de fundo está a torre dos Clérigos, representando a cidade do Porto. A ideia de André Ferreira era fazer uma pintura de exterior que chamasse a atenção das pessoas. Sensibilizar de uma maneira “saudável, quase infantil”, para deixar as pessoas mais à vontade e para perderem o medo, explicou ao PÚBLICO. “Não quis dar um ar demasiado sério, apesar do tema ser muito sério, porque as pessoas têm medo da seriedade. Se as pessoas levarem as coisas com mais leveza, talvez percam esse medo e acabem por fazer mais vezes o teste. As pessoas não sabem que podem salvar ou melhorar a própria vida se fizerem o teste”, continuou.

Na inauguração da intervenção, que aconteceu esta manhã na fachada do edifício do ISPUP, Pedro Oliveira referiu que, na Europa, 49% das pessoas com teste positivo são diagnosticadas tardiamente, de acordo com o relatório de 2013 do European Center for Diseases Control.

Em Portugal, de acordo com os dados da Direcção-Geral de Saúde (DGS), no ano passado, os novos casos de infecção pelo VIH diminuíram 17,3%, em relação a 2013, havendo um decréscimo de 11,6% dos casos em estado sida (a fase mais avançada da doença). Apesar do cenário ser mais animador, foram diagnosticados 1220 novos casos de VIH, sendo que 222 dessas pessoas já estavam no estado sida. Morreram 391 pessoas devido à doença.

Texto editado por Andrea Cunha Freitas

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