Doentes oncológicos do Algarve vão ter espera de consulta reduzida a uma semana

Projecto-piloto a lançar no início de 2016 será primeiro testado nos concelhos de Faro, Loulé, Olhão, Albufeira e São Brás de Alportel.

Um projecto-piloto vai ser lançado nos primeiros dias de 2016, para garantir que os doentes oncológicos do Algarve sejam vistos por um médico dessa especialidade, no prazo máximo de uma semana, após a detecção dos primeiros sinais da doença.

"A implementação deste projecto vai permitir reduzir os tempos de espera na marcação de consultas, centralizar a informação sobre a admissão de doentes oncológicos no Centro Hospitalar do Algarve, disponibilizar mais informação ao médico de família e aos doentes, e assegurar um acompanhamento contínuo do médico de medicina geral e familiar, desde o diagnóstico", revelou neste sábado à agência Lusa Assunção Martinez, coordenadora da Unidade de Saúde Familiar Ria Formosa, unidade funcional de Faro, do Centro de Saúde Central.

A Administração Regional de Saúde (ARS) Algarve, através do seu Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Central, em colaboração com o Centro Hospitalar do Algarve (CHA), vão juntar-se para implementar este "projecto inovador", que, numa fase inicial de alguns meses, será testado nos concelhos de Faro, Loulé, Olhão, Albufeira e São Brás de Alportel.

Assunção Martinez assegurou que não haverá um aumento da despesa para alcançar os objectivos pretendidos, tratando-se apenas de organizar de uma outra forma os serviços existentes.

"Queremos melhorar a parte dedicada ao diagnóstico, com impacto significativo na redução da mortalidade, diminuição do número de anos de vida perdidos e diminuição do sofrimento evitável, melhorar os cuidados de proximidade, aumentar o grau de satisfação do utente e melhorar o clima organizacional", concluiu.

O projecto das três entidades prevê ainda a criação de um Centro de Triagem Oncológico no CHA, um canal de entrada no hospital com "rosto humano", que vai garantir a previsibilidade de resposta e o acesso à informação por todos os intervenientes, e a implementação de um processo de acompanhamento integrado oncológico.

"Era bom que isto fosse para todos os doentes, mas temos de começar por algum lado", disse, por seu lado, o presidente do Conselho Directivo da ARS do Algarve, João Moura Reis.

O projecto, com o nome "Humanização dos cuidados ao doente oncológico", integra-se no programa Boas Práticas de Governação, uma iniciativa da Novartis (multinacional da área da saúde), em parceria com a Universidade Nova de Lisboa, que proporciona aos participantes uma oportunidade de acesso a um plano curricular desenvolvido pela universidade.

"A necessidade de desenvolver este projecto nasce do facto de termos percebido que existiam algumas lacunas relacionadas com a entrada do doente oncológico no hospital, nomeadamente os tempos de espera, e por não haver um processo estruturado de acompanhamento pelos cuidados de saúde primários durante o tratamento e após estabilização", explicou Gabriela Valadas, directora clínica do CHA.

Este ano, o programa Boas Práticas de Governação tem como tema "Caminhos para a Humanização" e "pretende criar as condições para a implementação de projectos de inovação, promovendo o desenvolvimento de boas práticas que fomentem uma maior humanização nos cuidados de saúde primários e hospitalares, que possam trazer melhorias efectivas para o doente".

A apresentação de todos os projectos deste programa será feita no Parque Taguspark, em Oeiras, a 10 de Dezembro.

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