Doença Venosa crónica não deve ser subestimada

A Doença Venosa crónica afecta 2 milhões de portugueses. E deve ter acompanhamento médico e um tratamento adequado.

Estima-se que 2 milhões de mulheres portuguesas com mais de 30 anos sofram de doença venosa. O número poderá, no entanto, estar aquém da realidade. Isto porque a Doença Venosa Crónica (DVC) é uma patologia frequentemente subestimada e subdiagnosticada.

A DVC é uma patologia crónica e evolutiva que afecta as veias das pernas que transportam o sangue até ao coração. Quando não identificada e tratada pode originar diversas complicações que têm um elevado impacto clínico e na qualidade de vida dos doentes, mas também com significativo impacto social e económico dado o elevado absentismo e a taxa elevada de antecipação da aposentação que acarreta.

Para renovar a percepção da dimensão da DVC em Portugal e sensibilizar a população para a relevância de um diagnóstico atempado e tratamento adequado, a Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular levou a 20 localidades de Portugal Continental a Campanha “Alerta Doença Venosa”. Ao longo de dois meses conseguimos chegar a mais de 4000 pessoas, alertar e informar para a DVC, e mais do que isso, fazer um retrato mais fiel do que o disponível até agora da DVC no nosso país. Os rastreios e questionários desenvolvidos permitiram-nos, por exemplo, constatar que a grande maioria das pessoas avaliadas (97%) sofria de doença venosa crónica. E há vários anos. No entanto, cerca de metade (53%), confessou que nunca realizou tratamento dirigido à doença.

Por outro lado, a maioria dos doentes avaliados com DVC relatou fortes sintomas, como tornozelos inchados e pernas pesadas, com muita frequência há vários anos. E, no entanto, mais de um terço (37%) ainda não consultou um médico por causa desta doença.

Acreditamos que este número é, em parte, justificado pelo facto da maioria dos doentes considerar que a doença só se manifesta quando existem sinais visíveis, como varizes ou edema, ignorando muitas vezes sintomas como a dor nas pernas ou a sensação de pernas pesadas.

Nunca é demais recordar que a doença venosa crónica deve ter acompanhamento médico e um tratamento adequado. 

Infelizmente, no decorrer desta Campanha confirmámos que a maioria da população portuguesa ainda desconhece os principais sintomas e sinais subjacentes à doença, desvalorizando as suas consequências e encarando-a unicamente do ponto de vista estético.

Como principais factores de risco da Doença Venosa, destacamos alguns hábitos comportamentais que têm vindo a aumentar na sociedade actual, como estar muito tempo de pé ou sentado de forma estática, a obesidade e a falta de exercício. A estes juntam-se naturalmente os factores biológicos como a gravidez, a predisposição familiar e a idade.

Quanto aos sintomas mais comuns da doença, o alerta vai para a dor, a sensação de pernas pesadas e cansadas, as pernas quentes, o prurido e o ardor. Caso estes sinais sejam notórios e persistentes, é fundamental procurar o médico.

Os dados da Campanha demonstram-nos que é urgente que exista uma maior e melhor informação sobre esta patologia, a sua evolução e cronicidade, pois a doença venosa é uma patologia potencialmente gravosa, que deve ter acompanhamento médico, e que se encontra claramente subestimada.

Secretário-Geral da Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular e Coordenador da Campanha "Alerta Doença Venosa"

Sugerir correcção
Comentar