Docente suspensa por alegada relação amorosa com aluno admite processar escola

Escola diz que havia "algum sururu" e que por isso decidiu suspender provisoriamente a professora. Advogado de defesa garante que não há fundamento para a decisão.

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Inspecção-Geral de Educação vai analisar o que se passou, faz saber a escola Paulo Ricca

O advogado da professora de uma escola de Póvoa de Lanhoso que foi suspensa por alegado envolvimento amoroso com um aluno de 15 anos admitiu hoje que a docente poderá “pedir responsabilidades” pelos prejuízos sofridos com este processo.

Em declarações à Lusa, o advogado João Magalhães disse que “não há fundamento nenhum” para a suspensão da professora, de 32 anos, e acrescentou que a forma como o processo está a ser tramitado “viola gravemente a lei”. “A concluir-se que o procedimento não foi processualmente correcto, a directora da escola irá, naturalmente, responder pelos actos que praticou e alguém terá de ser responsabilizado pelos danos gravíssimos que tudo isto acarreta para a imagem pessoal e profissional da professora”, acrescentou.

Contactada pela Lusa, a directora da escola, Luísa Sousa Dias, disse que se limitou a cumprir a lei, “para salvaguarda” tanto do aluno como da professora em questão.

“Tendo havido algum sururu, alguns indícios de que poderia haver relacionamento íntimo, optou-se, para salvaguarda tanto do aluno como da professora, que ela ficasse sem dar aulas até ao final do ano. É benéfico para todos, porque entretanto as coisas serenam”, acrescentou.

Luísa Sousa Dias sublinhou que a professora está apenas provisoriamente suspensa, por um período de 90 dias, uma decisão sugerida pela escola, mas tomada pelo director regional de Educação.

“Agora, o caso está nas mãos da Inspecção-Geral da Educação”, disse ainda. Para o advogado da docente, “as coisas estão a ser feitas ao contrário”.

“Houve um sururu e o que se faz? ‘Prende-se’ para investigar em vez de se investigar para ‘prender’. É uma completa subversão”, criticou João Magalhães.

O causídico admitiu que a professora poderá estar a ser vítima de “alguma ingenuidade”, decorrente da sua “forma aberta de ser” e da sua propensão para “ajudar os alunos com mais dificuldades”.

Segundo João Magalhães, a docente já admitiu que ajudava aquele aluno nas disciplinas em que ele tinha mais dificuldades e que chegou a ir buscá-lo a casa algumas vezes para lhe dar explicações na escola, além de ter mantido com ele alguns contactos telefónicos. Ajuda que, acrescentou, disponibilizava igualmente a outros alunos.

“Às vezes, nestas idades, os adolescentes confundem as coisas. Onde há apenas preocupação da professora em ajudar os alunos vêem outros interesses. Aliás, quem é que já não teve uma paixoneta por uma professora?”, questionou João Magalhães, para reiterar que a docente está “inocente”.

Criticou o facto de este caso, face ao seu “melindre”, não ter sido mantido em segredo até ao final do processo disciplinar, insinuando que parece ter havido uma “acção ostensiva” para se fazer o julgamento da professora na praça pública.

A directora da escola garantiu que sempre quis tratar o assunto com “toda a serenidade e discrição”, para defender tanto o aluno como a professora, confessando-se “surpreendida” por o assunto ter chegado à comunicação social.

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