Doce indecisão

Este mês de Agosto de 2015 será especial. Os pêssegos-rosa contar-nos-ão a história até aqui.

É mesmo Agosto. Chegou finalmente o mês de que todos estávamos à espera: para nos desiludirmos.

Até em Tavira e na zona secreta a leste de Tavira que termina ainda mais secretamente em Vila Real de Santo António a água do mar tem mantido, teimosa e perversamente, uma temperatura inferior à generosidade de Junho.

Tudo aponta para Agosto ser um barrete. Muito bem. "Apoiado" entre dois bocejos. A verdade é que Agosto (pelo menos a primeira, milagrosa quinzena) tem sido, por muito grande que seja a desilusão, um melhoramento ainda mais inegável do que bem-vindo.

Visto de Colares - que constitui o mais poético e pessimista ponto-de-vista a seguir ao Alto Minho - este mês de Agosto já é o melhor dos últimos anos.

Em 2013 e 2014 quase não houve pêssegos-rosa. Os pêssegos-rosa são, mais do que o euro, a mais fidedigna moeda desta freguesia.

Este ano, por milagre, há muitos. Os melhores de todos hão-de aproximar-se de nós nos dias que se seguem. Menos de metade foi justamente ocupada pelos bichos. É um sinal de progresso: os bichos costumam ocupar três-quartos dos pêssegos.

Este ano os pêssegos-rosa são os mais deliciosos (quinino, adstingência e anestesia, mais sangue acidulado no meio da doçura forreta mas sumarenta da carnucha amarela profunda ou esverdeada) de que me lembro. E eu não me lembro, por muito que me esforce por esquecer-me, de nada.

Este mês de Agosto de 2015 será especial. Os pêssegos-rosa contar-nos-ão a história até aqui.

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