Divulgar os piores do ranking dos hospitais podia criar "alarme desnecessário"

Três perguntas a Carlos Costa, coordenador do estudo.

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"Tem havido muito ruído sobre o impacto da crise na saúde", disse ao PÚBLICO o coordenador do estudo da Escola Nacional de Saúde Pública, Carlos Costa, para quem a crise parece não ter afectado o desempenho dos hospitais públicos quanto ao internamento.

Anda é cedo para perceber se a crise está a afectar a qualidade do Serviço Nacional de Saúde?
Os impactos das crises não são automáticos. Por enquanto [em 2012], a crise parece não ter afectado o desempenho dos hospitais públicos [no internamento], mas também acho que tem havido muito ruído sobre o impacto da crise na saúde. Na relação entre as mortes observadas e as esperadas, há uma melhoria do funcionamento dos hospitais, mas os resultados também podem ser um reflexo de uma melhoria do sistema de informação. Existem outras dimensões que não são avaliadas neste trabalho, mas, se considerasse muitas variáveis, não seria fácil passar a mensagem. O que me interessa saber é qual é o melhor com a informação existente.
 
Por que não divulga a lista completa, incluindo os hospitais mais mal classificados?
Para divulgar esses dados seria necessário, primeiro, discutir a situação com os responsáveis destes hospitais, de forma a perceber o que se está a passar. Sem isso, podia criar-se um alarme desnecessário, porque na base dos resultados podem estar problemas de qualidade de informação. Penso que o Ministério da Saúde e os [respectivos] órgãos centrais deviam conhecer estes dados, mas até agora não os pediram.

Os portugueses não podem escolher os hospitais onde são tratados, mas há quem defenda que a liberdade de escolha provocaria o caos.
A minha posição é conhecida, sempre defendi a liberdade de escolha. Quanto ao suposto caos, vou dar alguns exemplos de países e regiões onde já existe liberdade de escolha: Canadá, Austrália, Alemanha, Holanda, França, Catalunha, Comunidade Autónoma de Madrid. Não tenho visto caos nesses sítios.

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