Diplomacia refere “saída inteligente” no caso de Ponte de Sor

O efeito conjugado da saída do embaixador e da indemnização paga à família de Ruben Cavaco tem o sinal de uma autopunição das autoridades iraquianas.

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O processo judicial instaurado pelo Ministério Público continua no Iraque Enric Vives-Rubio (arquivo)

A retirada do embaixador iraquiano em Lisboa, Saad Mohammed Ali, por Bagdad é encarada por meios diplomáticos contactados pelo PÚBLICO como uma fórmula menos má num caso complicado. A decisão das autoridades do Iraque é interpretada como um reconhecimento implícito de culpabilidade dos filhos Haider e Rhida do seu representante em Portugal. Do mesmo modo, o acordo alcançado há precisamente uma semana entre o embaixador e a família do jovem Ruben Cavaco — a quem foram pagas as despesas de internamento e uma indemnização no montante global de 52 mil euros, segundo a agência Lusa — foi um primeiro sinal de culpabilidade.

A alternativa seria o conflito, pois não é comum o levantamento da imunidade diplomática em casos idênticos, o que forçaria à expulsão — declaração de persona non grata — e a uma subida de nível da tensão entre os dois países. O efeito conjugado da saída do embaixador e do acordo económico tem o sinal de uma autopunição das autoridades iraquianas e de uma presunção de culpabilidade.

Num caso pantanoso, de grande exposição mediática e social, os dois tempos — indemnização e retirada do diplomata e sua família de Portugal — estão assim ligados. “Foi uma saída inteligente, dentro das práticas diplomáticas, o pagamento da indemnização foi um gesto de boa vontade, o processo continua no Iraque e tudo decorreu de acordo com as normas da Convenção de Viena”, disse, ao PÚBLICO, Martins da Cruz.

O embaixador e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de Durão Barroso tem, no entanto, uma versão menos optimistas que outros círculos. “Não sei se existirão, ou não, sequelas, mas o Iraque vai estar representado em Lisboa durante muito mais tempo do que seria normal por um encarregado de negócios”, anteviu.

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