Marido ateou fogo à mulher depois de anos a fio de violência doméstica

Com 53 anos e desempregado, homem entregou-se à polícia. Vítima encontra-se em estado grave.

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Paulo Pimenta

Uma mulher com cerca de 50 anos está internada em estado grave na unidade de queimados do Hospital da Prelada, no Porto, depois de o marido a ter regado com álcool e lhe ter deitado fogo. Uma filha do casal que tentou socorrer a mãe sofreu ferimentos ligeiros.

O caso deu-se na segunda-feira de manhã, em Braga, num quarto andar da Rua dos Congregados, freguesia de S. Vítor, onde o casal residia há mais de 20 anos. “Há muito tempo que as discussões eram constantes”, descreve uma vizinha da família. “Especialmente desde que a filha nasceu, há 18 anos”. A mulher queixava-se à vizinhança, mas só agora estaria a separar-se – uma fase que é considerada pelos especialistas das mais perigosas para as vítimas de violência doméstica quando são estas são do sexo feminino.

Depois de ter pegado fogo à mulher, que trabalha no Hospital de Braga, o homem entregou-se na PSP, onde, aliás, já havia muitas queixas contra ele por parte da mulher. "Terá agido num quadro de acentuada violência doméstica, consubstanciado em ameaças e agressões físicas reiteradas, infligidas ao longo dos últimos anos, que culminaram numa tentativa de homicídio",  refere um comunicado da Polícia Judiciária, acrescentando que o indivíduo usou um isqueiro para atear fogo à empregada hospitalar depois de lhe “despejar combustível no corpo”. Presente no local estava também a mãe da vítima, que começou por receber tratamento no hospital

Com 53 anos e desempregado, o homem aguardará agora julgamento em prisão preventiva. Está indiciado não só por homicídio qualificado na forma tentada como por violência doméstica. A filha já teve alta hospitalar, depois de ter sido assistida no Hospital de Braga.

O distrito de Braga surge, no mais recente Relatório Anual de Segurança Interna, relativo a 2013, como o quarto do país com mais participações às autoridades por violência doméstica, logo a seguir a Lisboa, Porto e Setúbal. De 1714 queixas em 2012 o distrito passou, no ano passado, para 1877, o que representa um acréscimo de quase 10% no espaço de um ano.

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