Deco alerta para uso de incensos e óleos perigosos como ambientadores

Presença de substâncias nocivas para a saúde leva a alerta da associação de defesa do consumidor.

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“Um só pau de incenso pode emanar benzeno em quantidade equivalente à de cinco cigarros”, alerta a Deco Adriano Miranda

Quatro marcas de incensos e cinco de óleos essenciais para usar na aromatização da casa devem ser retirados do mercado, segundo um estudo da associação de defesa do consumidor. A Deco concluiu que os produtos em causa “emitem substâncias nocivas para a saúde” e “contribuem para a má qualidade do ar” no interior das habitações.

No estudo, que é publicado na edição de Outubro/Novembro da revista Teste Saúde e que também foi realizado por entidades semelhantes em Espanha, Bélgica e Itália, foram analisados em laboratório 18 ambientadores, entre incensos e óleos, de várias marcas. A Deco concluiu, segundo um comunicado revelado esta quinta-feira, que a “maioria dos incensos e óleos essenciais liberta compostos tóxicos ou nocivos para a saúde, aproveitando a falta de legislação para estes produtos”.

Em causa estão incensos das marcas Devineau, Gato Preto, Jacob Hooy e Natura. Nestes produtos, foram encontrados benzeno e formaldeído, “duas substâncias reconhecidas pelos seus efeitos cancerígenos”, sublinha a associação. “Um só pau de incenso pode emanar benzeno em quantidade equivalente à de cinco cigarros”, alerta.

Cardiff, Claremont & May Duft, Gato Preto, Jacob Hooy e Natura são as marcas que comercializam óleos essenciais que “prejudicam a qualidade do ar interior”, devido aos níveis de formaldeído que contêm. Os níveis foram considerados alarmantes com base nos “valores de referência propostos pela Organização Mundial da Saúde e pela Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos”, indica a Deco.

Além dos incensos e óleos essenciais, foram ainda analisadas velas em laboratório. No entanto, neste tipo de produtos, a Deco disse não terem sido encontradas substâncias perigosas, sendo apenas referido que “a maioria emite partículas finas PM2,5, que permanecem no ar durante longos períodos e podem ser inaladas, alojando-se nas zonas profundas dos pulmões”.

As substâncias encontradas nos incensos e óleos  são alergénicas, alerta a associação. Podem ser susceptíveis de provocar “crises de asma ou reacções alérgicas”. Alguns dos ingredientes têm ainda “compostos orgânicos voláteis, responsáveis por irritações na pele, nos olhos e nas vias respiratórias, enxaquecas, cansaço, náuseas e fadiga”.

Para a Deco, os ambientadores de uso doméstico “mais do que purificar o ar, camuflar odores ou dar um cheiro agradável”, contribuem para a “má qualidade do ar interior”.

A associação portuguesa de defesa do consumidor sublinha na sua nota que, à semelhança das suas congéneres espanhola, belga e italiana, está a “desenvolver esforços junto da Comissão Europeia para criar um regulamento europeu e um sistema de fiscalização para estes produtos”. Bruxelas criou uma lista de 26 fragrâncias especialmente alergénicas que devem ser referidas no rótulo dos cosméticos e detergentes se estiverem na sua composição. A Deco defende que a mesma recomendação “deveria ser aplicada aos ambientadores”.

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