Acidente com cavalo em Évora segue para o Ministério Público

Maria Antónia Ascensão, ex-jornalista do PÚBLICO, marido e filha entre as quatro vítimas mortais. Funerais realizam-se neste sábado no Seixal.

A PSP vai enviar nesta sexta-feira para o Ministério Público (MP) todos os dados sobre o acidente entre dois carros e um cavalo que vitimou quatro pessoas no dia de Natal, perto de Évora. Três delas – entre as quais está a ex-jornalista do PÚBLICO Maria Antónia Ascensão e o marido – morreram no local e a filha do casal, com cinco anos, morreu no hospital já na quinta-feira à noite.

O acidente resultou do embate do veículo onde seguia a jornalista com os familiares contra um cavalo que se terá atravessado na Estrada Nacional n.º 114, na zona de São José da Peramanca, a cerca de três quilómetros de Évora. Era já noite cerrada, perto das 21h. O embate aconteceu numa recta, com boa visibilidade, mas numa zona não iluminada. O carro colidiu depois com outro veículo que seguia na direcção contrária.

As vítimas tiveram de ser desencarceradas. Além de Maria Antónia Ascensão, de 47 anos, e do marido, João Carlos Sousa, de 52 anos, morreu no local uma mulher com cerca de 80 anos que ia no outro carro. A colisão provocou ainda cinco feridos graves, entre eles a filha do casal, Beatriz Ascensão Sousa, que não resistiu a um traumatismo craniano grave, acabando por morrer no hospital de Santa Maria, em Lisboa, para onde tinha sido transferida.

Na viatura do casal, que regressava a casa após passar a consoada no Alentejo, seguia ainda a mãe de João Carlos Sousa, de 82 anos, que se mantém internada nos cuidados intensivos do hospital de Évora.

Uma rapariga de 13 anos que ia no outro veículo foi operada e continua internada em estado considerado “estável”, segundo fonte hospitalar. Os outros dois adultos feridos que viajavam na mesma viatura, uma mulher de 47 anos e um homem de 51, já foram transferidos de Évora para o hospital de Portimão, onde residem.

Proprietário do cavalo por identificar
O animal, que também morreu no embate, possuía um microchip, designado “repetidor”, cuja implantação é obrigatória entre a nuca e o garrote, do lado esquerdo do pescoço do cavalo. No entanto, segundo o porta-voz da Direcção Nacional da PSP, subintendente Paulo Flor, o microchip “não está associado a ninguém em particular, não identifica qualquer proprietário”.

Este microchip possui um número, através do qual é possível apurar não só as características do cavalo, mas também a sua origem e o nome do veterinário responsável pela identificação. O nome e a morada do proprietário devem constar caso o animal tenha sido registado após Julho de 2009. Se for um cavalo de raça pura, tem de possuir passaporte e constar no registo nacional de equídeos.

“Não temos uma identificação, temos algumas pistas que vão ser transmitidas ao Ministério Público, que deverá seguir com a investigação”, disse o porta-voz da PSP.

Contactado pelo PÚBLICO, o presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá, diz não ter qualquer pista sobre quem poderá ser o proprietário do cavalo. “É uma zona com várias propriedades onde há cavalos”, justifica, sublinhando que não tem memória de casos semelhantes, sobretudo com esta violência. “De vez em quando temos notícia de animais na via pública, como cavalos ou javalis, mas não há registo de situações deste género”, afirma.

Sobre alguns comentários dando conta de que haveria na zona um grupo de cavalos à solta, Carlos Pinto de Sá garante não ter conhecimento de qualquer situação no concelho.

Jornalista da equipa fundadora do PÚBLICO
Maria Antónia Ascensão fez parte da equipa fundadora do PÚBLICO, jornal onde trabalhou desde 1 de Novembro de 1989 até 15 de Janeiro de 2013. Como produtora e jornalista de moda, entrevistou alguns dos designers mais marcantes a nível nacional e internacional. Jean-Paul Gaultier confessou-lhe que nunca gostou de praticar desporto. “A vida tem de ser colorida. Se fizermos com que seja negra, é muito perigoso, muito”, disse-lhe Roberto Cavalli em Roma, em 2007.

Ana Salazar, a dupla Storytailors, Filipe Faísca, Felipe Oliveira Baptista e a dupla Alves/Gonçalves, cujas carreiras conhecia bem, estão entre os nomes da moda portuguesa com que trabalhou nas reportagens que fez, nomeadamente na cobertura de muitas edições da ModaLisboa e do Portugal Fashion.


Os funerais de Maria Antónia (conhecida como Mitó), de João Carlos e de Beatriz realizam-se sábado no Seixal, com missa a partir das 10h, na igreja da paróquia da Nossa Senhora da Conceição (igreja antiga do Seixal). O velório decorre a partir da noite desta sexta-feira no mesmo local. Com Ana Henriques e Joana Amaral Cardoso
 
 

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