Custou, mas Crato assumiu o erro

Depois de quatro dias em negação e muitos protestos, o ministério admitiu o erro. E já há demissões.

Na origem de toda esta trapalhada está uma fórmula matemática usada pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC) para criar as várias listas de contratação dos professores que concorreram à Bolsa de Contratação de Escola (BCE). Já desde sexta-feira passada que professores, sindicados e a Associação Nacional dos Professores Contratados tinham denunciado que a fórmula usada para ordenar as classificações dos professores nesse concurso estava errada. O MEC terá somado 50% da graduação profissional (um valor a começar no zero e sem limite determinado) com 50% da avaliação curricular (determinada numa base de 0 a 100%) – o que é um erro de palmatória em matemática: é como somar quilómetros e milhas e achar que ambos continuarão a ter a mesma ponderação.

E nem mesmo depois de os alertas feitos nesta quarta-feira pela Sociedade Portuguesa de Matemática e pela Associação de Professores de Matemática, que de fórmulas devem perceber bastante, levaram Nuno Crato a reconhecer um erro por de mais evidente. Ontem finalmente o ministro da Educação deu o braço a torcer, pedindo desculpa “aos pais, aos professores e ao país”.

Fica bem ao ministro reconhecer o erro, que até já provocou uma baixa no Ministério da Educação. Ao final do dia desta quinta-feira soube-se que Nuno Crato aceitou a demissão de Mário Agostinho Pereira.

Mas admitir o erro e perder o director-geral da Administração Escolar não é o fim dos problemas para o ministro da Educação. O erro deu mais argumentos aos professores e sindicatos que protestam, não contra a fórmula matemática, mas contra a própria existência da Bolsa de Contratação de Escola. E ainda falta clarificar como é que o Ministério da Educação, depois de refazer as contas, irá colocar novamente os professores sem prejudicar ninguém.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários