Crato nega intenção de despedir entre 30 e 50 mil funcionários

Ministro da Educação diz que Governo tenciona apresentar um conjunto de medidas para a reforma da Educação.

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Nuno Crato não quer professores com horário zero Miguel Manso

O ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, negou esta segunda-feira que o Governo tenha intenção de despedir entre 30 mil e 50 mil funcionários da área do ensino, tal como proposto no relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Uma coisa é o relatório do FMI, outra coisa é o que Governo vai fazer”, disse Nuno Crato em Campo Maior, quando questionado pelos jornalistas sobre o despedimento de 30 mil a 50 mil funcionários, uma das muitas propostas do FMI para o Governo poupar quatro mil milhões de euros.

“Nós não somos irresponsáveis. Isso não está em causa de forma alguma”, acrescentou.

O ministro da Educação e Ciência falava à margem do lançamento da primeira pedra do centro escolar de Campo Maior, no distrito de Portalegre.

“O Governo irá apresentar um conjunto de medidas que são necessárias para o país, para a reforma da Educação, para a reforma do Estado e também, o que não pode ser considerado de menor importância, para a redução da despesa, algo que todos os contribuintes querem”, disse.

Nuno Crato defendeu que todos têm de tornar o Estado “mais ágil, mais competitivo” e tornar a Educação “melhor”, não só com mais recursos, mas melhor utilizando de uma “maneira mais apropriada” os recursos que existem.

“Nós, até este momento, não fizemos nenhum despedimento na Educação, houve contratações que foram ditadas pelas necessidades e nós esperamos continuar excatamente nesse ritmo, porque os professores são necessários às escolas”, disse.

“O que temos é de arranjar processos de envolver todos os professores, racionalizar todos os recursos para que a Educação se desenvolva e que não haja professores com horário zero”, sublinhou.

À chegada a Campo Maior, o ministro foi recebido por uma dezena de sindicalistas que protestavam contra a política do Governo para a a área da Educação.

O relatório do FMI foi conhecido em Janeiro e propunha, entre outras medidas, a dispensa de cerca de 50 mil funcionários da área da Educação, com vista ao aumento da “eficiência do Estado, reduzindo a sua dimensão de forma a suportar a saída da crise”.

No documento, o FMI propõe “um corte permanente na despesa de quatro mil milhões de euros a partir de 2014, que poderá ser precedido de uma redução de 800 milhões já este ano”.

É ainda referido que os polícias, os militares e os professores “continuam a ser um grupo privilegiado na sociedade”, que os médicos têm salários excessivamente elevados (principalmente devido ao pagamento de horas extraordinárias) e os magistrados beneficiam de um regime especial que aumenta as pensões dos juízes em linha com os salários.

A dispensa de 50 mil professores, que permitiria uma poupança até 710 milhões, e um aumento das propinas no ensino superior são outras opções apontadas no relatório.
 

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