Crato garante que não haverá mais cortes na Educação

Ministro da Educação diz que pretende ignorar o relatório do FMI.

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Crato esteve nesta manhã na Escola Básica do Parque das Nações Nuno Ferreira Santos

O ministro da Educação, Nuno Crato, garantiu nesta quarta-feira que não haverá mais cortes no sector.

Em resposta aos jornalistas, nesta quarta-feira, em Lisboa, Crato assumiu que pretende ignorar o último relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), onde se insiste que Portugal deve reduzir a despesa na Educação, afastar mais professores do ensino e fechar mais escolas.   "Não estou a planear fazer mais cortes", disse.    

Crato esteve nesta manhã na Escola Básica do Parque das Nações, para perguntar aos alunos do 4.º ano como lhes tinha corrido a prova final de Matemática, a disciplina fétiche do ministro.

Chegou ainda os alunos estavam nas salas a realizar o exame, mas quando acabaram a prova não lhes foi difícil descobrir, com tantas câmaras de televisão no recreio, que devia estar por lá alguém “conhecido”. Pedro e Martim tentaram, sem sucesso, furar a muralha de jornalistas, para também eles se aproximarem de Crato. “É o ministro da Educação, não é? Não sabíamos que ele vinha cá”, diz o primeiro, quando questionados pelo PÚBLICO. Ambos corroboram o que vários dos seus colegas tinham dito antes a Crato, quando este lhes perguntou como correu a prova: “Bem. Foi fácil”.

“Eu estava com medo porque tenho muitas dificuldades a Matemática, mas o exame até foi mais fácil do que os testes da professora”, acrescenta Martim. “Fartámo-nos de estudar”, garantem ambos. A curta distância Crato continua a responder às perguntas de jornalistas. Mas antes também ele fizera várias perguntas aos alunos que iam chegando das salas de exame:

- “Os vossos pais estão contentes?”

- “Sim”

- “Sabias tudo?”

- “Não sei se sabia tudo, mas respondi a tudo”

- “O que foi mais difícil?”

 - “As fracções”

-“ Quem estudou muito?”

Todos levantaram o braço.

Com a hora do almoço a aproximar-se, vários dos pequenos examinandos abandonaram o recreio para se dirigirem ao contentor que faz vezes de cantina. A escola que Crato escolheu para visitar ficou com as obras suspensas pouco depois da tomada de posse do actual ministro da Educação, em 2011. “Não temos parado de enviar cartas ao ministro, ao secretário de Estado, à Direcção-Geral de Educação, mas até hoje não temos respostas”, relata à porta da escola Jorge Bonito, da associação de pais, que só soube que Crato estaria por ali esta manhã quando o viu chegar.  

“Não fomos informados. Eu vim aqui para entregar as coisas ao meu filho para as aulas da tarde”, informa. Este pai é também o autor do projecto de arquitectura da escola que o seu filho frequenta desde o 1.º ano. Agora está no 4.º e foi um dos que fez exame. “Está previsto que a escola fosse até ao 9.º ano, mas como as obras pararam só funciona aqui o jardim-de-infância e o 1.º ciclo. Quando chegam ao 5.º ano têm de mudar de escola e ir para longe de casa”, enumera.

 Atrás da escola um terreno abandonado serve de parque de estacionamento. Jorge Bonito aponta: “É ali que devia estar o ginásio, outros blocos para os alunos mais velhos e o recreio também para o 1.º ciclo. O que está a funcionar foi concebido só para servir o jardim-de-infância, mas agora acolhe também os alunos de nove turmas do 1.º ciclo. Não tem espaço para isso”.  

No início do ano, na sequência de uma petição lançada por pais de alunos desta escola, o parlamento aprovou uma recomendação ao Governo onde se defendia o reinício das obras. Passaram quatro meses e do ministério não chegou qualquer gesto. Jorge Bonito desabafa: “Já perdemos parte das esperanças que tínhamos”. 

À saída da escola, o PÚBLICO perguntou ao ministro se estava previsto o recomeço das obras, mas Crato disse apenas que já não tinha tempo para mais questões. Também a directora do agrupamento Eça de Queiroz, a que pertence a escola do Parque das Nações, escusou-se a informar se recebeu alguma garantia de Crato durante a longa reunião que este manteve com professores e a direcção do agrupamento. “Estivemos apenas a falar”, resumiu. 

Com a prova final de Matemática os alunos do 4.º ano terminaram nesta quarta-feira a sua incursão pelos exames. Agora vão continuar em aulas até Junho e no dia 16 saberão que resultados tiveram nas provas. Os que chumbarem  poderão repeti-las em Julho depois de terem mais um período suplementar de aulas, caso os pais assim o queiram.

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