Concentração de forças de segurança cancelada devido à “instabilidade” democrática

Adiamento da iniciativa não significa “um recuo”, sublinha António Lima Coelho.

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Miguel MAdeira/Arquivo

António Lima Coelho, dirigente da Associação Nacional de Sargentos (ANS), informou nesta segunda-feira que a concentração de polícias e militares marcada para a próxima quarta-feira, dia 10 de Julho, foi cancelada por não haver “estabilidade democrática suficiente”.

O comunicado, lido em conferência de imprensa num hotel em Lisboa, assegura que esta decisão “não deve nem pode ser interpretada como um recuo”, e apelam ao Governo, “ou ao que dele resta”, que interprete a “serenidade, responsabilidade e dever patriótico” da decisão tomada.

Lima Coelho acrescentou, em nome das Associações da Comissão Coordenadora Permanente e da Associação de Praças, que não quer de todo contribuir para a “desconfiança nas instituições”, nem que esta iniciativa se confunda com “questões políticas partidárias”. Contudo, uma acção como esta, de “maior visibilidade”, não está fora de questão, e será retomada quando “as condições assim o determinarem”.

As associações informaram pelo comunicado que o "quadro de degradação" na sequência das "demissões dos dois ministros de Estado" põe em causa "a dignidade das instituições e o próprio regime democrático", assim como "promove a vulgarização e a falta de respeito pelos valores".

Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia de Segurança Pública (ASPP-PSP), especificou como reivindicações que o Governo “impõe medidas sem olhar os resultados”. Não ter em conta a “especificidade” das instituições tem consequências numa “PSP fragilizada”, nomeadamente na “questão operacional” no que toca à média de idades dos efectivos (mais de 50 anos, no interior do país), bem como o Serviço de Assistência à Doença, explicou o presidente da ASPP-PP.

Apesar de “cépticos”, esperam que a “atitude” do Governo “seja alterada”. Paulo Rodrigues deixou também claro que a relação com Miguel Macedo, ministro da Administração Interna, é “estável em termos de diálogo”, e que tem “cumprido o que tem prometido”.

Já Acácio Pereira, presidente do sindicato de Carreira de Investigação e Fiscalização dos Serviço de Estrangeiros sem Fronteiras (SCIF-SEF) discordou desta posição, afirmando que o ministro da Administração Interna “não tem cumprido”, mas considerou que “o que faz a diferença são as políticas”. Relativamente ao SCIF-SEF em particular, aponta a “falta de pessoal” como principal problema, que “põe a actividade operacional em causa”nas fronteiras.

Nuno Guedes, dirigente da Associação de Profissionais da Guarda Nacional Republicana, vincou que este adiamento “significa um enorme sentido de responsabilidade” por parte das forças de segurança, e acrescentou que estão a “aguardar pelo desfecho da indefinição governamental” para a remarcação da iniciativa.

“Não é uma questão personalizada”, esclareceu Lima Coelho. Para o Presidente da ANS, importa fazer “perceber os elevados valores em causa” e que as forças armadas e de segurança “não são uma qualquer instituição lucrativa” quase como “se de uma empresa se tratasse”.

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