Duzentos mil portugueses não têm a quem recorrer se tiverem um problema grave

Inquérito Nacional de Saúde 2014 revela que há 2,1 milhões que consomem álcool diariamente. A maioria come fruta todos os dias, mas poucos fazem desporto.

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Mais de 5,3 milhões de pessoas com 15 ou mais anos sofrem de dores crónicas Paulo Pimenta

A maioria da população portuguesa com 15 ou mais anos referiu ter possibilidade de suporte social para resolver um problema pessoal, sendo que muitos (64,2%) indicaram mesmo poder recorrer a três ou mais pessoas. Apesar disso, indica o Inquérito Nacional de Saúde 2014 divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), são ainda assim 200 mil os portugueses que dizem não ter a quem recorrer em caso de problema pessoal grave.

O relatório que inquiriu os portugueses sobre a sua saúde concluiu que mais de 5,3 milhões de pessoas com 15 ou mais anos — 60% da população nestas idades — sofrem de dores crónicas: as dores lombares e cervicais são as mais frequentes, entre outros problemas crónicos nas costas e no pescoço. A maioria diz ter duas ou mais entre as 15 doenças identificadas pelo INE.

São ainda 2,1 milhões as pessoas que indicaram sofrer de artrose (doença nas articulações), enquanto a hipertensão arterial foi referida por 2,2 milhões. Segundo o mesmo relatório, as alergias afectam cerca de 1,7 milhões de pessoas, ou 19,4% da população com 15 ou mais anos. Com menor frequência, menos de 10% dos portugueses afirmou sofrer de diabetes mellitus (9,3%) e incontinência urinária (7,3%).

Metade dos adultos tem excesso de peso

As dores físicas, não crónicas, afectaram também 4,8 milhões de pessoas. As dores intensas ou muito intensas atingiram mais as mulheres, ficando a equação em 2,4 mulheres por cada homem.

Mais de um quarto dos residentes revelou também ter dificuldades em ouvir, contra os cerca de 2,1 milhões que admitem que têm dificuldade em ver. As dificuldades de mobilidade atingem cerca de um milhão de pessoas, que afirmam ter que fazer um esforço redobrado para caminhar 500 metros num terreno plano sem ajuda. Foram 1,1 milhões os portugueses que referiram não conseguir subir ou descer 12 degraus sem ajuda.

O consumo diário de fruta e salada é uma prática seguida por cerca de 6,3 milhões de pessoas em Portugal, ou seja, 70,8% dos habitantes com 15 ou mais anos. O consumo diário de fruta é menos frequente nos jovens e ainda há 5% de portugueses que come fruta menos de uma vez por semana. Quase 1% nunca o faz.

Segundo o inquérito realizado em todo o território nacional, também a maioria da população com 15 ou mais anos não pratica qualquer actividade desportiva de forma regular. Apenas 15,4% diz praticar exercício físico entre um a dois dias por semana.

No entanto, pela falta de actividade física regular, os portugueses tentam compensar nas deslocações a pé: diariamente, são 2,5 milhões os que o fazem e apenas 75 mil os que utilizam a bicicleta nas suas deslocações diárias.

No entanto, mais de metade da população adulta tinha excesso de peso ou era obesa. São cerca de 4,5 milhões em todo o país e é nos Açores, Madeira e Alentejo que se sofre mais de obesidade.

Satisfeitos com a vida

Os comportamentos aditivos não ficaram de fora das questões sobre a saúde dos portugueses. Cerca de 1,5 milhões de portugueses, a partir dos 15 anos, fumam diariamente. Os homens consomem, em média, quase 16 cigarros por dia, enquanto as mulheres se ficam pelos 12.

O INE destaca também o consumo de álcool. Mais de um terço das pessoas com 15 ou mais anos fizeram-no diariamente nos 12 meses anteriores ao inquérito. Ou seja, há 2,1 milhões de residentes que consomem bebidas alcoólicas todos os dias. Já 1,7 milhões de portugueses admitiram que bebem álcool regularmente, mas não todos os dias — 1,1 milhões fazem-no ocasionalmente.

O estudo revelou ainda que cerca de metade dos residentes em Portugal estão satisfeitos com a sua vida. No final de 2014, eram cerca de 4,5 milhões de pessoas. O INE apurou ainda que o grau de satisfação com a vida aumentava consoante o nível de escolaridade: “39,5% das pessoas sem qualquer nível escolar e 62,4% das pessoas que tinham terminado o ensino superior estavam satisfeitas ou bastante satisfeitas”, relevou o inquérito. É nos Açores, Madeira e na região Norte que mais de metade da população se diz satisfeita ou bastante satisfeita com a vida.

 

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