Combate às infecções hospitalares exige acções integradas

Se a taxa de prevalência de infecção hospitalar portuguesa reduzisse para metade, à melhoria tremenda na qualidade da saúde dos doentes internados acrescentar-se-iam poupanças entre os 261 e os 311 milhões de euros.

Anualmente, 37 mil pessoas morrem na Europa por causas directamente relacionadas com as infecções hospitalares, que o European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC) elege como prioridade de saúde pública e cujo combate requer uma coordenação a nível europeu.

Um em cada 10 portugueses contrai uma infecção hospitalar durante o seu período de internamento, colocando Portugal muito acima dos 5% da média europeia.

O Inquérito de Prevalência de Infeção, efectuado em 2012 pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), em 103 hospitais portugueses, identificou que 76,8% das infecções nosocomiais foram adquiridas no decurso do internamento hospitalar.

Portugal começou já a elaborar normas de orientação, através da DGS. Porém, sem aplicação obrigatória.

A adopção de medidas básicas de controlo da infecção, a par de uma melhor utilização dos antibióticos e de rastreios no momento de admissão dos doentes, que contribuem decisivamente para um rápido diagnóstico e para que os médicos tomem as decisões clínicas mais adequadas, são fundamentais para ganhos em saúde, tanto ao nível da segurança do doente, como da própria despesa pública.

Devido às infecções hospitalares, o internamento dos doentes aumenta, em média, 6,5 dias, a sua probabilidade de sobrevivência diminui e são cinco vezes mais susceptíveis a uma readmissão após a alta.*

Se a taxa de prevalência de infecção hospitalar portuguesa reduzisse para metade, à melhoria tremenda na qualidade da saúde dos doentes internados acrescentar-se-iam poupanças entre os 261 e os 311 milhões de euros, segundo o Estudo do Grupo Técnico para a Reforma Hospitalar, de 2010.

E para que o combate tenha sucesso, é essencial não esquecer as instituições que têm com a Saúde um relacionamento estreito, como lares e as entidades de cuidados continuados, cujos utentes recorrem com frequências aos hospitais.

Combater as infecções hospitalares de forma eficaz só é possível através de acções integradas de prevenção, abrangendo toda a rede, e que permitam respostas válidas para o bem-estar dos doentes, dos seus familiares e dos profissionais de saúde.

Vice-Presidente da Comissão Especializada de Meios de Diagnóstico da APIFARMA

 

* MedTech Europe, Healthcare-Associated Infections, A health crisis requiring European leadership, 2013

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