Co-adopção é usada para justificar “casamento camuflado”, diz arcebispo de Braga

Jorge Ortiga considera que os defensores da lei querem "aproveitar-se" da fragilidade das crianças para satisfazer os seus "caprichos".

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Lei “ofende a dignidade humana das crianças", diz arcebispo de Braga Daniel Rocha/Arquivo

O arcebispo de Braga, Jorge Ortiga, considera que a lei da co-adopção é “o mais recente atentado contra a família na sociedade portuguesa”, e entende que os defensores desta lei apenas querem angariar mais argumentos para justificar o seu “casamento camuflado”.

Aquela lei, que já foi aprovada na generalidade pelo Parlamento, “ofende a dignidade humana das crianças e, por inerência, atenta contra o futuro sociedade portuguesa”, disse Jorge Ortiga na missa dominical, no Santuário do Sameiro.

O Parlamento aprovou a 17 de Maio (com 99 votos a favor, 94 contra e nove abstenções), na generalidade, um projeto de lei do PS para que os homossexuais possam co-adoptar os filhos adoptivos ou biológicos da pessoa com quem estão casados ou com quem vivem em união de facto.

O prelado acusa o “grupo defensor” daquela lei de querer “aproveitar-se” da fragilidade jurídica das crianças e da “distracção” dos políticos, focados na “salvação” económico-social do país, para “satisfazer os seus caprichos e escrúpulos sectários, de modo a angariar mais argumentos a posteriori que justifiquem o seu casamento camuflado”.

“Neste período concreto da história do nosso país, em que atravessamos uma das piores crises económicas de sempre, e os níveis de pobreza, emigração e desemprego atingem números recordes, é interessante notar como este grupo específico se serve deste cenário trágico para, tacitamente, conseguir a aprovação de uma lei que atenta contra a dignidade das crianças”, criticou.

Na homilia da missa dominical, Jorge Ortiga considerou ainda “muito estranho” que os defensores da lei da co-adopção “só agora se lembrem das crianças desprotegidas, abandonadas e órfãs, oferecendo-lhes uma ‘bondade humana’ tão hipócrita, quando, outrora no passado, pouco ou anda fizeram por elas”.

“E, como se isso não bastasse, ainda há bem pouco este mesmo grupo defendeu a lei do aborto, essa lei que mata por ano 20 mil crianças no nosso país”, acrescentou.

Afirmou ainda que “a adopção existe para proteger o superior interesse da criança e não o interesse dos pais que querem adoptar”. A criança “tem direito a ter um pai e uma mãe, o direito a conhecer a identidade do seu pai e da sua mãe biológicos e o direito a ser educado num ambiente familiar sadio, que lhe proporcione uma formação integral da sua personalidade, algo que só a família natural lhe pode oferecer”, defendeu.

“Será que os deputados, que se recusam a diminuir o número de membros da Assembleia da República e que ainda há bem pouco tempo ignoraram as 92 mil assinaturas a pedir um referendo sobre a legalidade do casamento defendido por este grupo, irão novamente aprovar uma lei que ofende a dignidade humana das crianças e, por inerência, atenta contra o futuro da sociedade portuguesa?”, questionou.

O arcebispo disse esperar que os deputados, “num assunto tão delicado, superem a ideologia partidária e ouçam verdadeiramente o querer dos portugueses, que os elegeram”.
 

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