Charles Manson assume ser um “homem mau” em entrevista à “Vanity Fair”

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Manson foi condenado à morte em 1971 mas a sua pena foi comutada para prisão perpétua após a abolição da pena capital na Califórnia Reuters

Quando passam 40 anos desde que foi condenado pelo assassinato de sete pessoas, incluindo o da actriz Sharon Tate, casada então com o realizador Roman Polanski e grávida de oito meses, Charles Manson reconheceu numa entrevista exclusiva à edição espanhola da revista “Vanity Fair” que é “um homem mau” e “sujo”.

Após mais de duas décadas de silêncio, a primeira entrevista de Manson, agora já um idoso, com 76 anos, não deixa de ser surpreendente. A começar pela escolha da revista “Vanity Fair”, e pela sua edição espanhola (que é posta à venda amanhã). O editor de actualidades desta revista do grupo Condé Nast, David López, explica num vídeo colocado online que há já algum tempo que tentavam uma entrevista com o homem que foi o cabecilha de uma comunidade hippie nos arredores de Los Angeles e que cometeu, na década de 1960, diversos assassinatos que chocaram a América.

Manson acreditava e predicava a iminência de uma guerra racial entre brancos e negros chamada Helter Skelter.

É igualmente surpreendente o facto de falar em Espanhol em algumas passagens da entrevista. Questionado pelo jornalista se sabia falar a língua, Manson admite que o pouco que sabe aprendeu na prisão, com colegas latinos. Durante a entrevista chega a usar uma expressão muito típica em Espanhol, aplicando-a à sua pessoa: “La mala hierba nunca muere” [qualquer coisa como ‘a erva daninha nunca morre’].

A entrevista é ainda surpreendente pelo próprio conteúdo. Manson declara-se “um mesquinho, um sujo, um foragido e um mau”, quando lhe perguntam pelas mortes cometidas em Agosto de 1969. “Vivo no submundo”, acrescentou o condenado, que - segundo David López - continua a encarnar o papel de um profeta do apocalipse. Durante a entrevista, Manson chega mesmo a desfiar preocupações ecológicas.

Recentemente, o caso Manson começou a ser analisado pelo advogado italiano Giovanni DiStefano, conhecido por ter defendido o ex-Presidente iraquiano Sadam Hussein. Este causídico quer agora reabrir o caso.

O advogado já apresentou um recurso diante do Comité Interamericano dos Direitos Humanos e enviou uma carta ao Presidente dos EUA, Barack Obama, em que solicitava a anulação da condenação de Manson por violação dos seus direitos de cidadania aquando do seu julgamento. Nas suas alegações, DiStefano explica que não foi permitido a Manson defender-se a si mesmo nem sequer testemunhar perante os jurados.

Questionado sobre aquilo que pensa do Presidente dos EUA, Manson diz: “Obama é idiota por fazer o que faz. Não sei como é que o puderam enganar para que se metesse ali. Estão a brincar com ele (...) É um escravo de Wall Street”.

Manson foi condenado à morte em 1971 mas a sua pena foi comutada para prisão perpétua após a abolição da pena capital na Califórnia. Ainda hoje mantém um grande número de seguidores que continuam a enviar-lhe cartas.

“Todos somos mártires. O amor é um mártir. Por isso é que Cristo chama a atenção. Por isso foi crucificado”, sentencia Manson, que acrescenta que “mais cedo ou mais tarde a vontade de Deus se vai impor sobre todos vós, e a mim condenaram-me por ser a vontade de Deus”.

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