Centros de inspecção automóvel falham na detecção de anomalias

Deco conclui que os centros de inspecção de veículos não cumprem a sua função.

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O teste foi feito pela Deco Nuno Ferreira Santos

A Deco - Associação de Defesa do Consumidor realizou entre Julho e Agosto um teste a 30 centros de inspecção automóvel espalhados de Norte a Sul de Portugal e nenhum deles detectou o conjunto das seis anomalias provocadas previamente nas viaturas.

No trabalho agora publicado, pode ler-se que as deficiências mais detectadas foram as no sistema de iluminação e nos pneus. A Deco introduziu também defeitos na escova do pára-brisas, no fecho do cinto de segurança, na intensidade da luz de nevoeiro traseira e no triângulo.

No veículo enviado para as inspecções foram colocados pneus de rasto e níveis de aderência diferentes na parte traseira. Uma deficiência que pode aumentar a distância de travagem e, caso o carro não tenha o sistema de travagem ABS, levar ao bloqueio de uma das rodas durante uma travagem de emergência. Das três dezenas de centros testados, 12 não detectaram esta anomalia.

No leque das avarias menos detectadas esteve também uma falha nas borrachas do pára-brisas, com apenas quatro centros a descobrir a falha.

Com estes resultados, a associação considera que “o sistema de inspecções periódicas não serve os fins a que se destina e carece de uma transformação profunda” e exige que “o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) tome medidas para aumentar o rigor dos centros de inspeção”.

A Deco aponta ainda para a necessidade de “definir e aplicar sanções dissuasoras, que penalizem os centros que executem de modo deficiente as inspecções”, uma vez que acredita que, no actual sistema, “estas empresas nada ganham em prestar um serviço de qualidade”. A associação de defesa do consumidor admite que "um centro rigoroso no seu trabalho pode perder clientes”.

O último estudo do género foi realizado também pela Deco em 2006 e abrangeu o mesmo número de centros de inspecção. Ao todo, em Portugal, há 171 centros em actividade.

Associação Nacional de Centros de Inspecção (ANCIA) defende o sector e IMT promete actuar

Apesar dos resultados do estudo da Deco, o presidente da ANCIA, Fernando Teixeira, citado pela Agência Lusa, acredita que “o sistema de inspecções de veículos em Portugal está a funcionar e contribui decisivamente para a segurança rodoviária ao assegurar que os veículos se encontram em condições para circular na via pública”.

No entanto, admite que possam haver falhas e afirma que a ANCIA "sempre censurou e continuará a censurar todos e quaisquer actos que possam colocar em causa o cumprimento da legislação em vigor e da segurança rodoviária”.

Fernando Teixeira salienta ainda que “os centros de inspecção são entidades acreditadas pelo Instituto Português de Acreditação”, cuja fiscalização "compete ao IMT [Instituto da Mobilidade Terrestre]". Fiscalização essa que, segundo o dirigente, o IMT "efectua com frequência". 

Também em declarações à Lusa, o presidente do IMT, João Carvalho garantiu que o estudo da Deco será analisado "com bastante profundidade", "rapidez" e "cuidado". 

João Carvalho esclarece que o instituto não tem recebido "queixas especiais" e assegura que "a sociedade portuguesa pode estar completamente tranquila, porque o IMT vai dar toda a atenção ao acompanhamento deste relatório e, se apontar para deficiências", vai actuar. 


 

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