Casal preso por branquear centenas de milhares de euros com negócio de seguranças da noite
Marido e mulher estavam já referenciados em vários inquéritos por suspeita de ameaça, coacção e agressão a donos de bares para ficarem com a segurança dos estabelecimentos. Dinheiro não declarado era guardado em cofres particulares de um banco.
Durante sete anos, uma empresa de segurança privada de Leiria, que presta serviços em vários organismos públicos e privados, conseguiu branquear centenas de milhares de euros com o seu negócio de seguranças da noite, em casas de diversão. A maioria do lucro obtido com aquele negócio não era declarado nem sequer depositado em contas bancárias.
A PJ encontrou, num banco de Leiria, mais de 200 mil euros em dois cofres titulados pela firma. O casal proprietário da empresa Lexsegur, inquirido quinta-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, está agora em prisão preventiva indiciado por fraude fiscal e branqueamento de capitais. Marido e mulher (uma advogada), ambos com cerca de 30 anos, foram detidos na terça-feira pela Unidade Nacional Contra Terrorismo da PJ numa operação que contou com a participação de técnicos superiores da Autoridade Tributária.
A empresa, criada em 2007, está agora impedida, por ordem judicial, de se dedicar à segurança privada apenas em estabelecimentos de animação nocturna. A firma assegurava aqueles serviços em inúmeros bares, discotecas e casas de alterne em Leiria. Não está para já em causa a prestação de serviços nos organismos públicos, entre os quais se contam um hospital público da região centro e cerca de uma dezenas de câmaras.
O primeiro alarme a fazer incidir a atenção da polícia nesta empresa foi a crescente riqueza ostentada pelo casal que foi adquirindo património cada vez mais luxuoso. A operação permitiu ao Gabinete de Recuperação de Activos da PJ a apreensão de centenas de milhares de euros em numerário, além de várias viaturas topo de gama, uma embarcação e diversos prédios urbanos.
Os suspeitos, porém, já estavam referenciados pelas autoridades. Há vários anos que se sucediam inquéritos por suspeita de ameaça, coacção e agressão decorrentes das práticas que passaram a usar para conquistar o mercado da segurança privada na região. Aliás, em 2009, a PJ já havia estado na empresa onde apreendeu várias armas de fogo e dezenas de munições.
Ameaçavam donos de discotecas
Para dominarem a segurança de cada vez mais casas nocturnas ameaçavam os seus proprietários. Muitos acabavam por aceder às pretensões e raramente apresentavam queixa à polícia com medo de represálias.
Esses casos estão a ser investigados no âmbito de outro inquérito. No âmbito deste, a PJ fez nove buscas em Leiria, Nazaré e Póvoa de Varzim. Os investigadores visaram, além do banco em Leiria, as casas dos detidos,de alguns dos seus funcionários e as instalações da empresa, assim como o escritório do técnico oficial de contas da empresa. Nesta acção, foram ainda constituídos seis arguidos colaboradores mais próximos do casal na empresa. A firma tem dezenas de colaboradores.
Com a operação, a PJ acredita ter colocado um fim à actividade criminosa que era, aliás, aponta fonte policial, a parte mais destacada do negócio gerado pela empresa. Os investigadores apreenderam ainda vários documentos relativos à contabilidade da firma e uma caixa de munições de calibre ilegal encontrada na casa de um dos colaboradores.