Casal preso por branquear centenas de milhares de euros com negócio de seguranças da noite

Marido e mulher estavam já referenciados em vários inquéritos por suspeita de ameaça, coacção e agressão a donos de bares para ficarem com a segurança dos estabelecimentos. Dinheiro não declarado era guardado em cofres particulares de um banco.

Foto
A firma assegurava o serviço de segurança em inúmeros bares, discotecas e casas de alterne em Leiria Paulo Pimenta (arquivo)

Durante sete anos, uma empresa de segurança privada de Leiria, que presta serviços em vários organismos públicos e privados, conseguiu branquear centenas de milhares de euros com o seu negócio de seguranças da noite, em casas de diversão. A maioria do lucro obtido com aquele negócio não era declarado nem sequer depositado em contas bancárias.

A PJ encontrou, num banco de Leiria, mais de 200 mil euros em dois cofres titulados pela firma. O casal proprietário da empresa Lexsegur, inquirido quinta-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, está agora em prisão preventiva indiciado por fraude fiscal e branqueamento de capitais. Marido e mulher (uma advogada), ambos com cerca de 30 anos, foram detidos na terça-feira pela Unidade Nacional Contra Terrorismo da PJ numa operação que contou com a participação de técnicos superiores da Autoridade Tributária.

A empresa, criada em 2007, está agora impedida, por ordem judicial, de se dedicar à segurança privada apenas em estabelecimentos de animação nocturna. A firma assegurava aqueles serviços em inúmeros bares, discotecas e casas de alterne em Leiria. Não está para já em causa a prestação de serviços nos organismos públicos, entre os quais se contam um hospital público da região centro e cerca de uma dezenas de câmaras.

O primeiro alarme a fazer incidir a atenção da polícia nesta empresa foi a crescente riqueza ostentada pelo casal que foi adquirindo património cada vez mais luxuoso. A operação permitiu ao Gabinete de Recuperação de Activos da PJ a apreensão de centenas de milhares de euros em numerário, além de várias viaturas topo de gama, uma embarcação e diversos prédios urbanos.

Os suspeitos, porém, já estavam referenciados pelas autoridades. Há vários anos que se sucediam inquéritos por suspeita de ameaça, coacção e agressão decorrentes das práticas que passaram a usar para conquistar o mercado da segurança privada na região. Aliás, em 2009, a PJ já havia estado na empresa onde apreendeu várias armas de fogo e dezenas de munições. 

Ameaçavam donos de discotecas
Para dominarem a segurança de cada vez mais casas nocturnas ameaçavam os seus proprietários. Muitos acabavam por aceder às pretensões e raramente apresentavam queixa à polícia com medo de represálias.

Esses casos estão a ser investigados no âmbito de outro inquérito. No âmbito deste, a PJ fez nove buscas em Leiria, Nazaré e Póvoa de Varzim. Os investigadores visaram, além do banco em Leiria, as casas dos detidos,de alguns dos seus funcionários e as instalações da empresa, assim como o escritório do técnico oficial de contas da empresa. Nesta acção, foram ainda constituídos seis arguidos colaboradores mais próximos do casal na empresa. A firma tem dezenas de colaboradores.

Com a operação, a PJ acredita ter colocado um fim à actividade criminosa que era, aliás, aponta fonte policial, a parte mais destacada do negócio gerado pela empresa. Os investigadores apreenderam ainda vários documentos relativos à contabilidade da firma e uma caixa de munições de calibre ilegal encontrada na casa de um dos colaboradores.

Sugerir correcção
Comentar