"Dezenas de pessoas" já pediram ajuda psicológica ao gabinete da Câmara de Portalegre

Adelaide Teixeira, presidente do município, fala de "tragédia". O coordenador da equipa de prevenção psicológica diz não haver "bola de cristal" para tirar a dor, mas que vão ajudar.

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Familiares das vítimas estão a ser apoiados em Portalegre Rui Gaudêncio

A Câmara de Portalegre já instalou um dispositivo de apoio à vítima para ajudar os familiares dos sinistrados do acidente de autocarro na Sertã que são residentes naquela cidade alentejana. A equipa de apoio já prestou ajuda a dezenas de pessoas.

O município accionou um dispositivo de apoio aos sinistrados e a todos os seus familiares no edifício municipal colocando, a partir das 14h30 deste domingo, dois psicólogos, um técnico de apoio e um outro técnico de saúde, ao serviço dos familiares das vítimas.

A equipa "já  prestou assistência psicológica a dezenas de pessoas aqui em Portalegre", disse ao PÚBLICO Miguel Arriaga, coordenador do gabinete da equipa de prevenção psicológica da crise.

Segundo Miguel Arriaga, "pode haver famílias que tenham perdido mais do que um familiar neste acidente". O coordenador disse que a equipa estava preparada para esta eventualidade. À medida que as horas passam, essa hipótese parece confirmar-se.

No gabinete, montado na Câmara de Portalegre, uma senhora entrou a chorar referindo que a irmã e o cunhado estavam no autocarro. "Não temos nenhuma bola de cristal para retirar a dor às famílias, mas vamos ajudar", garantiu Miguel Arriaga.

A presidente da Câmara de Portalegre, Adelaide Teixeira, disse ao PÚBLICO que o acidente com autocarro na Sertã “foi uma tragédia” e que “deixou de luto” a comunidade onde a maioria dos sinistrados residia.

A autarca confessa que “é grande a consternação” em Portalegre, competindo aos responsáveis municipais expressar a sua “solidariedade às vítimas”.

À medida que as horas avançam, os familiares das vítimas vão passando pela Câmara de Portalegre. Alguns deles recebem a confirmação dos seus piores receios.

Desempregado de uma fábrica de cortiça, quando entrou na Câmara de Portalegre, há poucas horas, Joaquim Fernando Martins, ainda ignorava o estado dos seus cinco familiares que embarcaram no fatídico autocarro. Há pouco, recebeu a notícia de que vai ter de ser ele a identificar o corpo da sobrinha, mãe de uma criança pequena.

Mas a sua dor pode não ter ficado por aqui. "Acabaram de me dizer que o estado do pai dela, o meu irmão Carlos, é grave", diz, emocionado. 

Adelaide Teixeira diz ser prematuro avançar com dados mais precisos sobre o local de residência dos passageiros que sofreram o acidente, frisando que “ainda não nos é possível ter elementos precisos” por se encontrarem espalhados pelas unidades hospitalares de Coimbra, Castelo Branco e Abrantes.

Paulo Macedo, ministro da Saúde, apresentou em comunicado a condolência às famílias e adianta que o ministério da Saúde disponibiliza todo o apoio psicológico e respectivo acompanhamento que as famílias das vítimas vierem a precisar.

O acidente de autocarro ocorrido na manhã deste domingo na Sertã provocou 11 mortos e mais de 30 feridos.

Notícia actualizada às 18h17

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