BE-Braga processa porta-voz do grupo promotor da estátua ao cónego Melo

O Bloco de Esquerda de Braga anunciou nesta quarta-feira que vai processar o porta-voz do grupo promotor da estátua ao cónego Melo, Filipe Barroso, por alegadamente ter acusado aquela força política de estar envolvida na vandalização da peça escultórica.

Em comunicado, o BE afirma que se trata de "afirmações caluniosas" e, por isso, vai apresentar uma queixa-crime contra Filipe Barroso.

"O BE, através de alguns dos seus activistas, marcou presença e mostrou-se solidário com a concentração, que decorreu de forma pacífica e sem incidentes, ao lado de dezenas de bracarenses, das mais variadas proveniências ideológicas", refere o comunicado.

Acrescenta que "confundir uma manifestação pacífica com um ato de vandalismo é totalmente inaceitável e só pode provir de quem não possui uma verdadeira consciência democrática, o que, vindo de quem vem não é de admirar".

"Tentar fazer crer que a contestação à estátua se limita aos militantes e simpatizantes dos partidos políticos de esquerda é uma forma de ocultar o sentimento de indignação e desaprovação que perpassa na sociedade portuguesa, como atestam as largas dezenas de personalidades que subscreveram a convocatória da concentração, e como testemunham as múltiplas mensagens endereçadas aos promotores da mesma", lê-se no comunicado do BE.

O Bloco acrescenta que irá igualmente "averiguar a legitimidade do referido cidadão para proceder a filmagens no espaço público, à luz da legislação em vigor e dos direitos, liberdades e garantias consagrados na Constituição da República Portuguesa".

O BE responsabiliza o executivo socialista da Câmara de Braga "por toda esta infeliz polémica, ao permitir a colocação, no espaço público, de uma estátua a um homem que divide profundamente a opinião pública bracarense e nacional, e que, por isso, não merece ser homenageado num local que é de todos".

No sábado, um grupo de cidadãos de Braga colocou uma estátua ao cónego Melo numa rotunda da cidade, para homenagear aquele que foi vigário geral da arquidiocese durante mais de três décadas.

Na segunda-feira, houve uma manifestação exigindo a remoção da estátua e na manhã de terça-feira o conjunto escultórico apareceu vandalizado.

No pedestal, foram pintadas a vermelho as palavras "fascista", "assassino" e "padre Max", tendo ainda sido lançada tinta azul que atingiu a própria estátua.

Filipe Barroso garantiu que tem imagens do ato de vandalismo, captadas por uma câmara que ele mesmo instalou nas imediações da estátua.

A instalação da estátua foi aprovada na Câmara com os votos favoráveis do PS e com a abstenção dos vereadores da coligação Juntos por Braga.

Os contestatários da estátua alegam que o cónego Melo "ficaria conhecido, após o 25 de Abril, por ter apoiado organizações de extrema-direita, apostadas no derrube do regime democrático, através de acções armadas que vieram a acontecer, com relevantes danos e vítimas humanas, e às quais deu cobertura moral e operacional".

Acusam-no de ter orquestrado "ataques a sedes de partidos democráticos, como o PCP, de sindicatos e de outras organizações de esquerda", e de ter apoiado atentados bombistas, "designadamente o que vitimou o padre Max", um sacerdote de extrema-esquerda de Vila Real, morto em 1976 em circunstâncias nunca esclarecidas.

 
 

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