Bebés-medicamento já nasceram em vários países

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Nélson Garrido

Espanha
Estrella nasceu para salvar António

Estrella, nascida em Sevilha em Fevereiro de 2012, terá sido o segundo bebé nascido em Espanha fruto de uma selecção genética feita para salvar o seu irmão, António, que sofre de uma doença que causa a eliminação das células que geram o sangue na medula óssea e que se chama aplasia severa, escreveu na altura o jornal El País. O pai, de 28 anos, chama-se António e a mãe, Melania, de 27 anos, vivem em Granada e, na altura do nascimento, disseram-se “cheios de alegria” porque lhes nasceu uma filha e porque o seu filho “vai salvar-se”. O único tratamento existente para António era o transplante de um familiar geneticamente igual ou de perfil compatível, que não existia até a irmã ter nascido no hospital público Virgen del Rocío, em Sevilha. O El País escreveu, na altura, que este era o segundo nascimento com estas características em Espanha. Em Outubro de 2008, Soledad Puertas tinha dado à luz, no mesmo hospital, Javier, também concebido através de um processo de selecção genética de embriões. Três meses mais tarde, as células do seu cordão umbilical foram usadas no transplante de medula de Andrés, afectado por uma anemia congénita incurável (Beta Talassémia). Andrés deixou de receber as transfusões sanguíneas das quais precisava para se manter vivo. A lei espanhola permite a possibilidade da selecção genética de embriões com este fim desde 2006.

França
Umut foi o “bebé dupla esperança”

O primeiro bebé-medicamento em França, concebido para curar uma criança afectada com uma doença grave, para o qual é dador compatível, nasceu no Hospital Antoine-Béclère, na região parisiense, noticiou em Fevereiro de 2011 o Le Monde. Nascido a 26 Janeiro, o bebé permitiu curar um dos irmãos afectados por uma doença chamada Beta Talassémia (também conhecida por Talassémia Major). Os doentes “não conseguem produzir hemoglobina suficiente no sangue, a medula óssea não produz glóbulos vermelhos suficientes. Precisam  de transfusões de sangue mensais para viver e de outros tratamentos médicos, constantes e contínuos, estando, além disso, sujeitos a variadíssimas complicações”, explica o site da Associação Portuguesa de Pais e Doentes com Hemoglobinopatias. Os pais são de origem turca e baptizaram o bebé Umut-Talha, que em turco quer dizer “nossa esperança”. Já os médicos preferiram chamar-lhe “bebé dupla esperança”, porque nasceu por fecundação in vitro após um duplo diagnóstico genético pré-implatação. Neste caso, o procedimento permitiu assegurar, por um lado, que o bebé não iria sofrer da doença grave genética que afectava os primeiros filhos do casal, e, ao mesmo tempo, que seria um dador compatível com um dos seus irmãos doentes. A lei francesa de Bioética, de 2004, autoriza esta prática, desde que haja acordo da Agência de Biomedicina.

Reino Unido
”Só decidimos aumentar as nossas hipóteses”

Julie Fletcher e o marido Joe conseguiram ser os primeiros no Reino Unido a receber autorização para fazer a selecção de embriões com o objectivo de terem um bebé compatível com o seu filho, Joshua, que sofre de anemia de Diamond-Blackfan (DBA), e apenas podia ser tratado com células estaminais de um irmão compatível. Este casal da Irlanda do Norte afirmou que “queriam ter outro filho de qualquer forma”. “Só decidimos aumentar as nossas hipóteses de compatibilidade de um em quatro para 98%”, disseram na altura ao The Guardian. Jodie nasceu a 14 de Julho de 2005, após autorização da Human Fertilisation and Embryology Authority. Antes já tinha havido pedidos recusados. Um deles foi o dos britânicos Michelle e Jayson Whitaker, em 2003. O casal acabou por avançar com o processo numa clínica de Chicago, nos Estados Unidos. Jamie foi seleccionado quando era um embrião para ser compatível com o irmão de 4 anos, Charlie, que sofre de uma forma rara e potencialmente fatal de anemia. O bebé nasceu em Junho de 2003 e as células do sangue do seu cordão umbilical foram usadas, de forma bem sucedida, para tratar o irmão.

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