"Banalização do aborto" desvaloriza a vida humana, dizem bispos

Reunidos em Fátima em assembleia plenária, os bispos católicos trataram vários temas relacionados com a crise demográfica actual.

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"A maternidade não é um pormenor", disse D. José Policarpo a propósito daquilo a que os bispos consideram ser uma banalização do aborto. Rui Gaudêncio

Os bispos da Igreja Católica Portuguesa criticam a "banalização do aborto", sustentando que esta é uma "mensagem de desvalorização da vida humana", numa nota pastoral dedicada à família, divulgada esta quinta-feira a propósito da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

"Qualquer mensagem de desvalorização da vida humana acarreta consequências negativas" e "uma delas - sem dúvida a mais grave - é o aborto e a sua banalização a que vimos assistindo entre nós com a cobertura da lei vigente", escrevem os bispos que participaram na conferência esta semana, em Fátima.

O presidente da CEP, José Policarpo, disse esta quinta-feira, em conferência de imprensa, que "na lei está prevista como obrigatória uma conversa da mulher que quer fazer aborto com alguém preparado e isso praticamente deixou de existir", criticando ainda "a transposição desses casos, certamente para aliviar os hospitais públicos, para clínicas cujo negócio é esse".

O prelado afirma que, "considerar o aborto tão natural como outra coisa qualquer, em termos de civilização, é uma coisa dramática", até porque "a maternidade não é um pormenor". Os bispos lamentam que "as alterações legislativas, que (...) vêm redefinindo o casamento de forma a nele incluir uniões de pessoas do mesmo sexo, esquecem esta verdade fundamental".

No mesmo documento, os bispos pedem ao Governo incentivos fiscais para combater a crise da natalidade e que promovam o emprego juvenil e conciliem trabalho e vida familiar, lembrando que a atual crise "também é reflexo da crise demográfica".

A nota pastoral termina sustentando que o "antídoto ao desalento e à ajuda à superação da crise" passa por reconhecer e apoiar a família, "na missão social que só ela pode desempenhar". Os bispos católicos portugueses apelaram, por isso, ao consenso político, devido "às circunstâncias especiais da crise", e expressaram sentimentos de solidariedade e compromisso com todos os portugueses.

Em comunicado, os bispos pedem aos "governantes e a todos os responsáveis políticos e sociais, para que tenham muito em conta as circunstâncias especiais da crise (...), quer pela grande dependência externa, quer pela profunda mudança política e económica do mundo em geral".

“Tudo isto requer grande disponibilidade para superar divergências legítimas e encontrar consensos básicos, dando prioridade ao bem comum da sociedade, com particular atenção aos mais pobres e aos mais desempregados", defendem os bispos da Igreja Católica.

Os bispos garantiram que os portugueses podem contar com uma "presença eclesial ativa, na resposta aos graves problemas que a todos afetam", e recordaram "as obras sociais da Igreja [Católica que] têm sido uma resposta concreta para ajudar as pessoas em crise".

 

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