Avaliação dos testes de Inglês de Cambridge vai ser obrigatória para docentes

No ano passado, o regime era de voluntariado. Este ano a obrigatoriedade vai ficar estipulada por decreto. Protocolo com Cambridge vai ser revisto.

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Se, no ano passado, a avaliação dos exames de inglês de Cambridge foi feita em regime de voluntariado, este ano vai ser obrigatória. O presidente do IAVE – Instituto de Avaliação Educativa, Hélder Sousa, adiantou que essa obrigatoriedade, bem como as contrapartidas para os docentes, serão definidas por despacho.

No ano passado, a falta de professores avaliadores atrasou a saída dos resultados dos exames. “Em relação aos avaliadores, o que vai mudar é tornar obrigatório aquilo que do meu ponto de vista deveria ter sido uma assunção plena dos professores”, diz Hélder Sousa. E acrescenta: “Desta vez, vamos fazer com que a classificação seja executada exactamente nos mesmos moldes em que é executada para qualquer exame nacional, ou seja, através de despacho, todas as tarefas inerentes à classificação passam a ser obrigatórias.”

Este responsável admite que a medida poderá causar contestação, mas está confiante que acabará por ser aceite: “A percepção que tenho é que, como em tudo na vida, como em tudo o que implica mudança, há um impacto inicial que gera muito ruído e, depois, esse ruído vai tendencialmente diminuindo”, nota Hélder Sousa. “Com a falta de classificadores no ano passado, houve uma sobrecarga brutal sobre aqueles que efectivamente acabaram por dar a cara pelo projecto”, recorda.

O protocolo que foi estabelecido com Cambridge também vai ser revisto. A ideia inicial era aplicar, durante três anos, o teste Key for Schools, o que foi feito no ano passado. Mas já no ano passado foi anunciado que este ano o teste iria ser o Preliminary, um nível mais exigente. “Como percebemos que não se podia ficar a marcar passo, vamos renovar o protocolo”, explica o responsável do IAVE. O protocolo, novamente de três anos, substituirá o anterior, uma vez que “o sistema” e o próprio IAVE não têm capacidade logística para garantir a realização dos dois testes ao mesmo tempo.

Não está afastada a hipótese de, no terceiro ano, se fazer um teste ainda mais avançado, o First Certificate for Schools, no final do ensino secundário. “Se as coisas correrem positivamente, penso que há condições e que o país tinha muito a ganhar com isso”, defende o presidente do IAVE, que está também a desenvolver um estudo sobre o impacto financeiro para Portugal de haver uma parte da população com esta certificação internacional. “No México, há um projecto que também está muito vocacionado para o [ensino] secundário. Eles fizeram um estudo económico, prospectivo, chegando à conclusão de que, a partir de um determinado limiar de população estudantil com um nível de certificação, tal poderia ter um impacto até 2,7% de aumento do Produto Interno Bruto, no sector dos serviços.” Hélder Sousa acrescenta: “Do ponto de vista dos negócios, eles estimavam grosso modo que, se 40% da população estudantil do ensino secundário, quando ingressasse no mercado de trabalho, levasse na carteira um First Certificate, isso teria um impacto a curto prazo na economia desta ordem de grandeza.”

Em cima da mesa está também a possibilidade de reproduzir o modelo para o espanhol. Já houve contactos com o Instituto Cervantes. Embora não vendo como concretizar o projecto “no curto prazo”, isto é, dentro de um ano ou dois, Hélder Sousa acredita que possa vir a ser uma realidade, “se houver vontade das partes”.

Quanto ao exame que se aproxima, o presidente do IAVE está optimista, mesmo tendo em conta que os resultados do ano passado não foram os melhores e que o teste este ano vai ser mais difícil. Admitindo que os resultados possam “vir a ser ligeiramente piores”, Hélder Sousa espera que “essa quebra não seja significativa”. “Se porventura se mantiverem, isso significa que, de facto, estamos no bom caminho.”

 

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