Aumento de acidentes atribuído à extinção da Brigada de Trânsito

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Entre dia 30 de Dezembro e 3 de Janeiro, ocorreram 1259 acidentes José Carlos Coelho (arquivo)

Oito pessoas morreram em acidentes de viação nos cinco dias da “Operação Ano Novo”. O balanço feito pela GNR confirma que entre 30 de Dezembro e de 3 de Janeiro os sinistros rodoviários fizeram mais um morto em relação ao período homólogo do ano passado. Para a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M), o aumento da sinistralidade durante este período deveu-se à “extinção” da Brigada de Trânsito da GNR. O Automóvel Club de Portugal concorda.

De acordo com o último balanço da Guarda, durante a “Operação Ano Novo”, além das vítimas mortais, registaram-se 28 feridos graves e 396 feridos ligeiros, num total de 1259 acidentes. Estes números são superiores aos registados entre 30 de Dezembro de 2008 e de 3 de Janeiro de 2009, com mais 20 feridos graves, mais 46 feridos ligeiros e mais 116 acidentes verificados este ano.

Os dados disponibilizados pela GNR, que teve um perto de 2600 militares nas estradas este ano, indicam que as oito mortes aconteceram nos distritos de Aveiro, Braga, Castelo Branco, Évora, Lisboa, Porto, Setúbal e Viseu.

Para o presidente da ACA-M, Manuel João Ramos, estes dados só “trazem um culpado: a extinção da Brigada de Trânsito”, uma vez que “o mau tempo não faz aumentar o número de acidentes”.

No âmbito da regulamentação da Lei Orgânica da GNR, a 1 de Janeiro de 2009 entrou em funcionamento a Unidade Nacional de Trânsito e a BT foi extinta, tendo cerca de dois mil militares sido colocados nos destacamentos de trânsito dos 18 comandos territoriais de Portugal Continental.

O responsável sublinhou que “o nível de desmotivação, desagrado e revolta dos ex-militares da Brigada de Trânsito da GNR” é muito grande. “A sua carreira profissional e toda a sua identidade e conhecimento social foram desfeitas por diploma ministerial e isto é gravíssimo”, comentou.

Manuel João Ramos sublinhou que aquela reestruturação “tornou claro as deficiências da fiscalização”. “Esta revolução foi muito negativa e eu não encontro outra explicação para estes dados. O mau tempo não é certamente a explicação, já que os acidentes diminuem” com as más condições atmosféricas. O presidente da ACA-M considera que “o Governo devia dar a mão à palmatória e reinstalar a Brigada de Trânsito”.

Também o presidente do Automóvel Club de Portugal (ACP) diz que a “extinção” da Brigada de Trânsito da GNR, acrescida da “redução” das campanhas de prevenção rodoviária, foram responsáveis pelo aumento do número de mortos e acidentes no Ano Novo. Carlos Barbosa recordou que as duas medidas foram decretadas pelo ex-ministro da Administração Interna António Costa, quem considerou “moralmente responsável por este aumento de acidentes e de mortes”.

“A extinção da BT da GNR provocou o total desleixo em termos de fiscalização, visto que a Unidade de Trânsito não tem o mesmo sentido, nem as mesmas características de fiscalização da antiga Brigada de Trânsito”, afirmou, acrescentando que, por outro lado, “todo o dinheiro que ia para as campanhas rodoviárias tem sido desviado para outros fins”. Para Carlos Barbosa, o Governo deve “voltar atrás”, repor “rapidamente” a Brigada de Trânsito e “deixar-se de comissões de estudo sobre a Unidade de Trânsito”.

Notícia actualizada às 12h02
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