Apoio psicológico a colegas de Leandro na escola de Mirandela considerado urgente

Foto
Apesar de não haver certezas sobre as circunstâncias que rodearam o desaparecimento de Leandro, há a possibilidade de a criança se ter lançado ao rio por causa das agressões de que era vítima na escola Manuel Roberto

Pedro Frazão, psicólogo e membro da Sociedade Portuguesa de Suicidologia, alertou ontem para a necessidade de articulação entre os serviços dos ministérios da Educação e da Saúde, no sentido de promover um plano de intervenção junto de alunos, professores e funcionários da escola de Mirandela que era frequentada por Leandro, o menino que há uma semana se encontra desaparecido nas águas do Tua.

"Tenha ou não sido suicídio, o desaparecimento da criança é um acontecimento traumático para os membros daquela comunidade", afirmou. Em declarações ao PÚBLICO, Pedro Frazão disse entender o silêncio da direcção da escola, da Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) e do Ministério da Educação, "desde que aquelas entidades estejam já a agir de forma articulada com os serviços de saúde".

"Sabe-se muito pouco sobre o que aconteceu, muito do que se tem dito é especulação, pelo que é natural que os contactos com a comunicação social sejam, nesta fase, reduzidos ao mínimo. Mas a prestação de apoio à família da criança e aos elementos da comunidade escolar não pode esperar por relatórios", alertou, referindo-se aos inquéritos que estão a ser desenvolvidos pela PSP (por delegação do Ministério Público) e pela Inspecção-Geral da Educação.

Apesar de não haver certezas sobre as circunstâncias que rodearam o desaparecimento de Leandro, há oito dias, as notícias sobre o caso referem a possibilidade de a criança de 12 anos ser vítima de agressões e de ter sido num quadro de desespero que abandonou o recinto escolar, após um conflito com colegas, e entrado no rio.

Pedro Frazão realça que há o risco de crianças mais vulneráveis se identificarem com Leandro e de outras não estarem a conseguir lidar com a perda. "Nestes casos, a intervenção deve ser feita por uma equipa exterior à escola, à qual caberá ouvir adultos e crianças e ajudá-los a ou até encaminhá-los para um apoio mais duradouro", afirmou.

Em declarações ao PÚBLICO, António Leite, responsável pela DREN, disse desconhecer se está prevista uma acção mais global de prevenção no campo da saúde mental. Mas garantiu que esse apoio psicológico está já a ser prestado tanto aos colegas como aos familiares de Leandro.

Sugerir correcção
Comentar