APAV lança nova campanha de sensibilização sobre crianças vítimas de crime

Em 12 anos, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima acompanhou mais de oito mil crianças e jovens vítimas de crime e violência.

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A campanha é lançada a pretexto do Dia Mundial da Criança Daniel Rocha

A Associação de Apoio à Vítima alertou nesta quarta-feira que muitas crianças vítimas de crime têm dificuldade em denunciar a situação e, para sensibilizar a população para este problema, lançou uma campanha no âmbito do Dia Mundial da Criança.

Entre 2000 e 2012, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) registou um total de 8.274 processos de apoio de crianças e jovens vítimas de crime e de violência, que se traduziram num total de 13.438 factos criminosos.

“Sabemos que [este números] ainda são uma ponta do icebergue. Há muitas crianças que estão em silêncio e têm dificuldade em fazer valer os seus direitos e interesses e, naturalmente, tomar a iniciativa de pedir ajuda”, disse hoje à agência Lusa Helena Sampaio, da APAV.

Para alertar para esta situação, a APAV, através da sua rede nacional de gabinetes de apoio à vítima e da rede de voluntariado, tem procurado dar visibilidade à violência exercida contra as crianças e os jovens junto dos alunos nas escolas, alertando para as diferentes formas de violência e para a importância de denunciar e pedir ajuda.

Helena Sampaio adiantou que a maior parte das situações de vitimação ocorre em contexto familiar e que as crianças, por iniciativa própria, “não quebram o seu silêncio”.

“Há situações em que as crianças são expostas à violência e, contudo, há desconhecimento, há ausência de compreensão relativamente ao impacto da exposição em que as crianças são colocadas no contexto familiar e extrafamiliar relativamente às questões de violência”, sublinhou. “Daí que cada vez mais estamos atentos e procuramos dar visibilidade à violência exercida contra elas”, acrescentou.

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima pretende “não só apoiar situações em que as crianças são vítimas, mas também sensibilizar a sociedade civil para estas questões sociais no sentido de cada vez mais dar conhecimento, melhorar a compreensão e denunciar as situações, com os devidos cuidados, e pedir ajuda nos serviços.

No âmbito da nova campanha, a APAV espalhou por vários pontos da Grande Lisboa 20 cartazes que mostram a foto de uma criança, em que os olhos reflectem a imagem de um adulto a levantar a mão, com a mensagem: “Muitas crianças vêem de noite aquilo que ninguém quer ver de dia”.

A campanha será complementada com uma acção de rua no Largo do Chiado, no Dia Mundial da Criança, no sábado, em que serão projectadas imagens para sensibilizar a população para estas “questões sociais, em que as maiores vítimas são as crianças”, adiantou Helena Sampaio.

A evolução do número de casos de vítimas menores de idade foi oscilando ao longo dos últimos 12 anos, atingindo o seu valor mais elevado em 2011 e 2012, ambos os anos com 887. O registo de processos de apoio nos últimos 12 anos significa um aumento de 167,2%.

Na análise da tipologia dos crimes no período, num total de 1891, mais de 600 referem-se a maus tratos psíquicos, 252 a maus tratos físicos e 198 a dano, ao passo que 121 se reportam a ameaças e a coacção e 116 a furto.

Nos crimes sexuais, a APAV registou 1481 contra crianças e jovens, com 2012 a sofrer um acréscimo considerável – de 90, em 2011, para 206, em 2012.
 
 

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