Alentejo é a região do país com menos turistas estrangeiros

Comparação de dados de todos os municípios revelam um quadro desigual da actividade turística no país.

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O Alentejo é a região de Portugal que alberga proporcionalmente menos turistas estrangeiros. São apenas 30% – três em cada dez – contra cerca de 70% no Algarve ou na zona de Lisboa e 80% na Madeira.

Este é apenas um retrato pontual do complexo quadro de disparidades do turismo no país que emerge de números agora compilados pela base de dados Pordata, para os 308 municípios portugueses.

A proporção de hóspedes estrangeiros nos estabelecimentos hoteleiros é apenas um exemplo. Seis dos dez municípios com mais hóspedes de fora do país são da Madeira, a começar por Santa Cruz, que está no topo da lista com 84,8%. Funchal, Ponta do Sol, Machico, Calheta, São Vicente e Ribeira Brava são os outros.

Na mesma lista estão ainda Lagoa, nos Açores, e Vila do Bispo, Lagos e Albufeira, no Algarve, todos com mais de 75% de turistas estrangeiros. Um exemplo do extremo oposto da lista: Seia, uma das portas de entrada da Serra da Estrela, atrai quase só hóspedes nacionais (92%).

Os números mostram também a ocupação máxima dos hotéis é uma miragem inatingível. Quem chega mais perto é o município de Ponta do Sol, com 71%. Em apenas mais cinco concelhos, as taxas são superiores a 50%, incluindo Lisboa (53%).

Há cruzamentos de dados que revelam realidades singulares. Ourém é um dos dez concelhos com mais oferta de estabelecimentos hoteleiros, devido a Fátima. Mas a sua taxa de ocupação é baixa, 25%. Mesmo assim, as receitas dos seus hotéis foram de 21 milhões de euros em 2013, a 15ª mais alta do país.

Albufeira e Lisboa travam um duelo interessante. O primeiro é o que tem mais camas disponíveis no país, cerca de 43 mil. Mas Lisboa, com 38 mil camas, gera o dobro das receitas: 416 milhões de euros contra 212 milhões do município algarvio.

Há 72 concelhos no país onde o número de visitantes anuais é maior do que a população. Em Albufeira, por cada residente há 30 turistas ao longo do ano. Em Vila do Bispo são 17, em Porto Santo 11, em Lisboa seis e no Porto cinco.

“O país turístico é muito desigual”, resume Maria João Valente Rosa, directora da Pordata, um projecto criado há cinco anos pela Fundação Francisco Manuel dos Santos. Os dados do turismo vêm do Instituto Nacional de Estatística, mas foram organizados de forma a permitir comparações mais imediatas, em tabelas, gráficos e mapas. “O objectivo é facilitar o acesso à informação”, diz.

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