Álcool mais caro e mais barreiras em pontes para evitar suicídios

Plano Nacional de Prevenção do Suicídio hoje apresentado defende reforço de medidas de apoio aos desempregados.

Foto
Portugal tem uma taxa de suicídio ligeiramente superior à média da União Europeia Daniel Rocha

Aumentar o preço das bebidas alcoólicas, sensibilizar as autarquias e instituições públicas para a colocação de barreiras protectoras em locais potencialmente perigosos, como as pontes, e reforçar os apoios aos desempregados são três das principais medidas inscritas no Plano Nacional de Prevenção do Suicídio 2013-2017, divulgado nesta segunda-feira pela Direcção-Geral da Saúde.

 

O aumento do preço das bebidas alcoólicas, a redução da prescrição e do consumo crónico de benzodiazepinas (ansiolíticos e hipnóticos), tal como a restrição do uso e porte de armas em casos de perturbação mental nas forças de segurança são outras das medidas propostas no documento, que dedica várias linhas à importância do investimento em programas de apoio aos desempregados e seus familiares.

A este nível, e para aumentar a “resiliência” dos desempregados, podem ser eficazes programas activos de trabalho e de apoio à família e habitação, entre outros. No plano agora apresentado recorda-se, a propósito, estudos internacionais que até conseguiram contabilizar o investimento necessário para que os efeitos da crise a este nível sejam nulos (um destes estima tal investimento em 148 euros per capita por ano).

Entre outras medidas, o plano refere também o aumento da cobertura nacional de consultas de prevenção do suicídio (pelo menos uma resposta especializada em cada hospital com valência de psiquiatria) e a monitorização dos idosos que vivem isolados e que constituem um dos principais grupos de risco.

Outra sugestão passa pela criação de uma rede de “porteiros sociais” (além de profissionais de saúde, membros da comunidade, como bombeiros, taxistas e sacerdotes), com treino e formação continuada, que detectem de forma precoce sinais de futuros comportamentos suicidários.

Traçando o retrato, a nível mundial e nacional, deste “grave problema de saúde pública”, os especialistas lembram que os números oficiais em Portugal apontam para uma taxa de suicídio ligeiramente superior à média da União Europeia em 2010 (10,3 por 100 mil contra 9,4 por 100 mil habitantes), mas substancialmente inferior à registada em países como a Lituânia, que lidera a tabela.

Mas notam que estes dados já de si tão “preocupantes” ficam muito aquém da realidade, porque há muitos casos não declarados devido ao estigma associado a este fenómeno e à falta de rigor na determinação de causas de óbito em Portugal (um dos países com a maior taxa de mortes por causa indeterminada).

Um dos objectivos do plano passa precisamente por melhorar o processo de registo de óbitos, envolvendo não só médicos, mas também autoridades policiais, magistrados do Ministério Público, ou funcionários das conservatórias de registo civil, entre outros.

 

 

Sugerir correcção
Comentar