Advogado salienta que Sócrates “está preso por ter sido primeiro-ministro”

Jurista diz que o processo em causa é também "político" e que isso influenciou a decisão do juiz Carlos Alexandre quando optou por o colocar em prisão preventiva.

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O advogado João Araújo tem sido o único a falar com os jornalistas Enric Vives Rubio

O advogado João Araújo salientou na noite desta sexta-feira que José Sócrates está preso por ter sido primeiro-ministro remetendo para a “face política” do processo.

“Se não fosse quem é não estava preso. O facto de ser quem é influi necessariamente na decisão que foi tomada. O doutor Carlos Alexandre é um juiz extremamente considerado e respeitável como todos os juízes. Fez a sua avaliação. Nessa avaliação interveio certamente a circunstância de ter sido primeiro-ministro”, referiu o advogado em entrevista à TVI.

Além disso, João Araújo apontou: “É um ex-primeiro-ministro que durante todo o seu governo foi alvo de imputações desonrosas. É preso preventivamente e isto não tem nada de político? Só se formos parvos". Para o advogado, não há dúvidas de que este caso tem uma “face profundamente política”.

Numa entrevista contida  o conselho distrital da Ordem dos Advogados não autorizou o advogado a pronunciar-se sobre os termos com que fundamentou o recurso da prisão preventiva –, João Araújo apontou, sem qualquer dúvida, que “a detenção de Sócrates foi um acto inútil porque não havia necessidade”.

“Antes de mais porque não há razão para o prender. Mas admitindo que vivemos nuns pais civilizado, a prisão de pessoas sem julgamento deve ser evitada a todo o custo. Só em casos absolutamente excepcionais deve haver prisão preventiva. No caso do engenheiro José Sócrates é completamente injustificada. José Sócrates não devia estar preso”, defendeu.

O jurista disse ainda acreditar “profundamente” na inocência de José Sócrates. Aliás, além de acreditar, fez questão de dizer que o ex-primeiro-ministro, indiciado por corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada, “não praticou esses crimes”.

Questionado sobre o maior volume de contratos que o Grupo Lena terá tido durante o tempo em que Sócrates foi primeiro-ministro, o advogado disse não ter qualquer informação para dar. “Que o Grupo Lena tenha ganho tantos contratos? Não sei sequer se ganhou muitos ou poucos. Não leio jornais”, ironizou apesar de mais à frente apelidar algumas notícias como sendo “aldrabices”.

Nesse ponto, João Araújo aproveitou para dizer que o ex-motorista de José Sócrates nunca foi a Paris entregar malas de dinheiro. “Isso são aldrabices. Há para aí uma história de que ele levava malas para Paris. Não é verdade. É uma grosseira mentira. Ele nunca levou dinheiro a Paris. Foi uma vez a Badajoz fazer a revisão do carro”, justificou.

E quanto à alegada luxuosa vida que Sócrates terá levado em Paris depois de sair do Governo, também João Araújo disse nada saber. “Eu não tenho essa informação. Não tenho. Não perguntei. Então ia perguntar o quê? Se vivia bem ou mal? Se pagava as contas?”, referiu garantindo mais uma vez que não lê jornais.

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