Administradores do Hospital da Feira não querem manter-se no cargo
Ministro da Saúde diz que administração terminou mandato no fim de Dezembro.
Alguns elementos do Conselho de Administração (CA) do Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga (que integra os hospitais de Santa Maria da Feira, de Oliveira de Azeméis e de S. João da Madeira) pediram para não ser reconduzidos. Um deles será o presidente do CA, Fernando Silva, que ocupava o cargo há mais de uma década.
Não se trata de um pedido de demissão, esclareceram. O mandato do Conselho de Administração deste centro hospitalar - que nos últimos tempos tem sido notícia por causa das longas horas de espera no serviço de urgência do hospital da Feira - terminou em 31 Dezembro de 2014, segundo explicou o gabinete de relações públicas do centro hospitalar. "Por razões de natureza estritamente pessoal", alguns membros do CA comunicaram ao ministro da Saúde "a vontade de não integrar" o novo conselho de administração a nomear.
"Estive ontem a visitar a urgência [do hospital da Feira]. Não sei de nada", começou por reagir à notícia da SIC (que falava em demissão) o ministro da Saúde, Paulo Macedo, interrogado à saída de uma visita a um hospital no Algarve. "O conselho [de administração] cessou o seu mandato, vai ter que ser nomeado", acabou por admitir, perante a insistência dos jornalistas, sublinhando que há alguns membros que "querem ser reconduzidos e outros não".
O hospital da Feira tem estado debaixo de fogo devido aos elevados tempos de espera observados durante alguns dias no seu serviço de urgência e sobretudo na sequência da morte de um homem de 57 anos, depois de ter aguardado durante cerca de cinco horas por assistência médica. Mais tarde soube-se que a directora do serviço de urgência tinha avisado três dias antes por email os seus responsáveis dos problemas e das deficientes condições em que a assistência estava a ser prestada e do risco que isso representava para os doentes. O Ministério Público já anunciou que está a investigar este caso.
Neste hospital, várias cirurgias programadas tiveram também que ser adiadas de forma a conseguir-se camas de internamento para doentes que entram pela urgência. Nesta segunda-feira, o Jornal de Notícias adiantava que uma operação a uma mulher com cancro de mama teria sido adiada pela segunda vez consecutiva neste hospital. Este adiamento, disse à Lusa o ministro da Saúde, poderá dever-se a uma “falha” pontual. “De certeza que é uma questão de falha”, afirmou Paulo Macedo, sublinhando que as cirurgias oncológicas “têm prioridade” e que este caso concreto “de certeza que será resolvido”.
Entretanto, soube-se que o próprio presidente do conselho directivo da Administração Regional de Saúde do Norte, Luís Castanheira Nunes, que foi nomeado por este Governo para o cargo, em 2011, vai ser substituído em breve. Castanheira Nunes não se candidatou a este lugar. Se o fizesse, teria que passar agora pelo crivo da Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública (CRESAP), que decidiu há dias apresentar ao Governo três candidatos para o substituir (Álvaro Santos Almeida, Fernando Alberto Alves e José Miguel Paiva). com Sara Dias Oliveira
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