Especialistas propõem fundo para financiar medicamentos inovadores

Acesso a medicamentos inovadores em debate na Assembleia da República.

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A venda de antibióticos nas farmácias está em queda, mas ainda acima do recomendado Nuno Ferreira Santos

A dificuldade e o atraso no acesso alguns medicamentos inovadores para os utentes do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente em doenças como o VIH/sida ou o cancro, vão estar em debate nesta terça-feira na Assembleia da República. Um grupo de especialistas que participaram no “Think Tank” - Pensar a Saúde - Promover e Disponibilizar a Inovação aos Cidadãos, coordenado pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Universidade Nova de Lisboa com o apoio da farmacêutica Roche, vai apresentar uma proposta no sentido de se criar um fundo específico para financiar a inovação e que deverá contar tanto com dinheiro do Orçamento do Estado como da indústria farmacêutica.

As principais conclusões do grupo apontam para que o primeiro passo seja distinguir as meras novidades da verdadeira inovação terapêutica para, depois, conseguir com as verbas do fundo cobrir a diferença entre o tratamento tradicional e o inovador. Uma ideia que segundo Ana Escoval, professora da ENSP e uma das coordenadoras do trabalho, é “particularmente interessante e importante com a actual situação económica e financeira de Portugal”, que tem influenciado as verbas disponíveis para medicamentos que podem “trazer melhor qualidade de vida aos doentes”.

As primeiras propostas do grupo foram apresentadas há um ano e a ideia é, agora, sensibilizar os decisores políticos, no Parlamento, para o facto de a inovação terapêutica paga com dinheiro público não representar apenas despesa, podendo trazer a médio e longo prazos ganhos em saúde tanto para os doentes e suas famílias, como para a própria sociedade ou para o Estado.

A sessão, além de intervenções de deputados de todos os partidos com assento parlamentar, contará ainda com uma apresentação do director do Serviço de Oncologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte e investigador no Instituto de Medicina Molecular, Luís Costa, e com o testemunho de dois doentes que consideram que o acesso a terapêuticas inovadoras alterou o prognóstico das doenças que lhes foram diagnosticadas. Um dos casos diz respeito a um cancro da mama e o outro a um tumor raro da coluna. Aliás, no início de Dezembro o grupo irá apresentar as conclusões finais do acesso a terapêuticas inovadoras em exclusivo para a área oncológica.

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