Abandono é mais alto nas universidades privadas do que nas públicas

Quase oito mil estudantes desistiram do ensino superior após o primeiro ano de inscrição numa licenciatura. Nas instituições particulares a taxa chega aos 17%.

Foto
Entre os estudantes que entraram em licenciaturas de universidades privadas, 17,2% deixaram os estudos antes do final do primeiro ano Enric Vives-Rubio

Quase oito mil dos estudantes que pela primeira vez se inscreveram no ensino público em 2011 já tinham abandonando o curso um ano depois, de acordo com dados oficiais que foram agora conhecidos. Esta é a primeira vez que o Ministério da Educação e Ciência (MEC) divulga números sobre as desistências no ensino superior e o relatório mostra que esta realidade atinge mais as universidades privadas do que as públicas.

Entre os estudantes que entraram em licenciaturas de universidades privadas, 17,2% deixaram os estudos antes do final do primeiro ano. Nos institutos politécnicos particulares, esta taxa ficou nos 14,4%. Em ambos os casos, os números são mais elevados do que os verificados nas instituições públicas de cada um dos subsistemas de ensino superior. Nos politécnicos da rede pública, a percentagem de abandono da licenciatura em que se tinham inscrito foi de 12,6% enquanto nas universidades foi de 11,8%.

De acordo com o relatório da Direcção-Geral de Estatística da Educação e Ciência (DGEEC), "não foram encontrados no ensino superior" público quase seis mil alunos: 2926 nas universidades e 3100 nos politécnicos. No total, cerca de oito mil alunos que se inscreveram pela primeira vez numa licenciatura abandonaram os estudos no ano seguinte.

Esta tendência mantém-se nos restantes ciclos do ensino superior. Nos mestrados, a percentagem de abandono no ensino público é de 3,6%, fixando-se nos 7,9% no privado. Nos doutoramentos a situação agravou-se, com 32,3% dos estudantes de ensino privado a abandonar no ano seguinte assim como 20,5% dos alunos do ensino público.

Foi nos cursos de Ciências Sociais, Comércio e Direito que se registaram mais casos de abandono (menos 2460 alunos), seguindo-se as áreas de Artes e Humanidades (972 alunos) e as Engenharias, Industrias Transformadoras e Construção (957 alunos), segundo os dados da DGEEC.

Em termos percentuais é nos cursos da área da agricultura que se regista maior abandono, com 15% dos estudantes a desaparecerem do sistema de ensino, seguindo-se novamente as áreas da Ciências Sociais, Comércio e Direito; Artes e Humanidades; e a área da Educação.

Entre as várias universidades públicas do país, a Universidade Aberta destaca-se pela negativa: na única instituição de ensino superior público de ensino à distância mais de 41,4% dos alunos desapareceram do sistema depois de se terem inscrito numa licenciatura. Ou seja, dos 2001 novos alunos, 828 não foram encontrados no ensino superior no ano seguinte.

As instituições com as mais baixas percentagens de abandono são as Universidades de Aveiro (6%, que corresponde a 61 alunos), Coimbra (6,1%, ou seja, 167 alunos), Beira Interior (6,6%) e a Universidade do Porto, com 7,5% (194 alunos).

No caso dos institutos politécnicos, o de Tomar destaca-se pela negativa – um em cada quatro novos alunos (25,2%) abandonou os estudos no ano lectivo seguinte – seguindo-se o Instituto Politécnico de Setúbal, onde quase um em cada cinco alunos (19,7%) deixou de estudar.

Em termos absolutos, o Instituto Politécnico do Porto foi o que viu mais alunos abandonar o ensino: 578 estudantes (11,5%). No politécnico de Leiria abandonaram o ensino 313 estudantes (12,9%) e no de Coimbra 262 (11%). com Lusa

Sugerir correcção
Ler 2 comentários